terça-feira, 11 de agosto de 2009

Celulares

Há tempos que penso em escrever sobre o tema aqui. Algo que tem me incomodado profundamente é o modo como as pessoas utilizam os celulares. Não são situações esporádicas, mas corriqueiras. É comum eu dirigir e deparar-me com alguém dirigindo devagar na faixa da esquerda ou ocupando metade da pista, de modo que fica impossível executar a ultrapassagem. Outras barberagens ocasionadas pelo uso indevido do aparelho são bastante comuns. Eu, então, pergunto-me: por que as pessoas não param no acostamento ou, simplesmente, desligam o celular? Já vi várias vezes pessoas que entram no carro falando ao celular, ligam o carro e continuar a dirigir. Por que elas não esperam terminar a ligação para depois enfrentar o trânsito?

Numa ocasião, estava prestigiando a Orquestra Sinfônica no Teatro Nacional e tinha alguém atrás de mim mandando mensagens durante toda a apresentação. A pessoa não tinha a capacidade de colocar o celular no silencioso e fazia um barulho audível até para a orquestra. Um pouco mais longe de mim, teve uma pessoa que atendeu o telefone no meio da apresentação, chamando para si a atenção dos instrumentistas inclusive. O uso indevido propaga-se nos diversos âmbitos. Não me lembro do número de vezes em que fui a médicos distintos — legal essa ambigüidade no uso da palavra "distintos" aqui — e eles atenderam o celular no meio da consulta. Estive, recentemente, numa reunião para decidirmos certos aspectos de uma programação e várias pessoas atenderam o celular, deixando o recinto ou, pior, atendendo na frente de todos, interrompendo todo o cadenciamento da discussão.

Poderia citar inúmeras outras situações. A questão é que o desenvolvimento tecnológico não tem sido acompanhado pelo desenvolvimento da educação das pessoas. Eu até tentei pensar de modo crítico no que se refere ao meu pensamento. A Dani, minha namorada, disse que os professores atendem o celular na aula, pedem desculpa, mas que nenhum aluno liga para essa atitude. Fiquei pensando se sou eu que estou tendo uma idéia conservadora e ultrapassada sobre tudo isso e se tudo não se trata apenas de uma questão cultural; contudo, parei pra pensar melhor e imaginei a seguinte situação: se você estiver conversando com alguém e a pessoa pegar um jornal e começar a ler você não se sentirá ofendido? A situação é a mesma de você conversar com alguém ou ser atendido e a pessoa atender o celular.

Alguém poderia dizer que anda sempre com o celular porque algum imprevisto pode acontecer, mas eu pergunto: quantas vezes você já passou, realmente, por uma situação em que você pôde fazer alguma coisa sabendo de um acontecimento dado? Não custa nada desligar o celular nas salas de cinema ou em locais em que o barulho atrapalhará. Vivi 18 anos sem celular e nunca tive nenhum problema. Quando precisava usar o telefone, usava o orelhão. O pior é que o celular não desperta apenas a falta de educação das pessoas, mas o consumismo. As pessoas trocam de aparelho como quem troca de roupa de baixo e ainda gastam dinheiro comprando aparelhos com diversas funções que nem ao menos são usadas! Sempre achei chato estudar Ecologia e ouvir esse papo de Desenvolvimento Sustentável, mas, ultimamente, venho engajando-me bastante na área. Enquanto as pessoas não mudarem o seu padrão de consumo, vamos continuar destruindo o nosso planeta. É muito fácil criticar os E.U.A. por não assinarem o Protocolo de Kyoto, mas incentivar a máquina industrial diariamente, assim como é fácil falar mal do Congresso Nacional e não ser ético no dia a dia nas pequenas coisas.

Sempre achei esse negócio de etiqueta uma frescura. Eu, por exemplo, sou sempre alertado por uma amiga que cortar a carne toda antes de comer é falta de educação segundo a etiqueta e eu, indignado, dizia que não tinha lógica nenhuma. Vendo, contudo, uma entrevista de um ex-participante d'A Fazenda, acredito que comecei a esboçar um entendimento na minha cabeça. Ele disse que a Etiqueta é uma forma das pessoas conviverem melhor segundo um padrão estabelecido. Na hora em que ouvi isso, lembrei-me, imediatamente, da norma culta de nossa língua. Já houve tempo em que achava frescura falar e escrever corretamente, mas, depois, entendi o propósito da coisa. Traçando esse paralelo entre a norma culta e a etiqueta, acho que até que faz sentido. O regionalismo observado na língua falada seria semelhante aos traços culturais observados na postura à mesa etc. . Ainda preciso refletir mais sobre o assunto, mas acho que essa idéia é nova, pelo menos nunca vi ninguém fazer essa analogia.
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Acho que descobri como colocar música aqui pra quem quiser ouvir, sem aquele negócio chato da música ir tocando assim que você abre a página. Não tem coisa que me irrita mais! Vocês devem estar percebendo que estou bastante irascível, ? Bem, voltando ao assunto da música, estou viciado nas duas músicas que estou colocando aqui. Uma é do último álbum da Fernanda Takai, composta por ela e o John Ulhoa, seu esposo e guitarrista do Pato Fu. A outra é do último álbum da Ana Cañas. Gostei bastante dele inclusive; talvez, faça uma resenha dele aqui. O primeiro álbum dela eu achei muito fraco. Ouvi tantos elogios que resolvi ouvi-lo, mas não achei lá essas coisas. O último, contudo, superou de longe o primeiro álbum.


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3 comentários:

  1. Eu já passei por inúmeras situações desagradáveis por conta do uso indiscriminado que as pessoas fazem do celular. Principalmente em sala de aula. As pessoas não desligam, não colocam no silencioso e algumas até interrompem a aula para dizer que precisam atender o celular. Ou seja, a pessoa interrompe o meu fluxo de pensamento, incomoda a turma toda e ainda acha que está sendo polido. Como estudo francês a alguns anos e dou aula a tantos outros já me peguei explicando o porque da etiqueta várias vezes. Ela, no início, servia para distanciar a nobreza da burguesia e da plebe. Marcar bem a diferença. Mas com o tempo não havia mais essa necessidade toda então a etiqueta foi se adaptanto para chegar a uma forma que no fundo se resume a tornar o convívio entre as pessoas mais agradável. Pensarmos em sermos delicados um com o outro. É simples assim.

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  2. Essa do pessoal dirigir e falar ao celular no mesmo tempo também não me entra na cabeça... É tão difícil assim encostar o carro (ou, no caso de estar atrasado, desligar o celular)?

    Aqui nunca tive professor atendendo celular em sala de aula. Quer dizer, já tive, mas só em casos especiais. Que o professor já entrou na sala avisando: pessoal, hoje aconteceu isso e isso, e por isso pode ser que me liguem e eu preciso atender, então o celular tá ligado, tá?
    E aí obviamente tudo bem.
    Mas o pessoal não tem respeito mesmo. Também já fui a concerto em que ficou tocando celular, atrapalhando toda a música.

    Médico nunca aconteceu comigo. Acho que se acontecesse eu ia reclamar na hora que ele desligasse o telefone. Puta falta de respeito.



    Sobre a etiqueta, eu também sempre achei ela meio inútil... Mas o que tu disse faz sentido sim, me deixou pensando...


    Ah, e adorei as músicas, tens um ótimo gosto musical :P


    Ah sim, e também queria dizer que gostei muito do blog, parabéns por ele ^^

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  3. Ei, sou eu a amiga que te alerta a respeito da carne! hehehe :)
    Que bom que algum sentido fez. Era exatamente o que eu queria te dizer, mas não conseguia explicar direitinho.
    Hehehe :D

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