Um assunto pelo qual tenho interessado-me é pela axiomatização, não só da Matemática, mas do conhecimento grosso modo. Quando descobri que a Geometria Euclidiana não era única, que existiam as geometrias não-euclidianas e que por um ponto exterior à uma reta podem passar mais de uma reta que seja paralela àquela, tive uma espécie de terromoto na minha concepção de mundo. Vivemos um tempo de relativismos. Uma das principais teorias físicas do século XX tem por nome "Teoria da Relatividade"; contudo, a frase que costumam atribuir a Eintein de que "Tudo é relativo" nunca foi dita por ele e, inclusive, ele queria que o nome da teoria fosse "Teoria das Invariâncias", mas o nome "Teoria da Relatividade" já tinha popularizado-se. O nome original do artigo que lançou os postulados da Relatividade Restrita, que não inclui a ação da força gravitacional, tem por título original "Sobre a eletrodinâmica dos corpos em movimento". Por falar nos postulados, eles enfatizam absolutismos em vez de relativismos. O Primeiro diz que as leis físicas são as mesmas para qualquer referencial e o segundo diz que a velocidade da luz é invariante, independentemente do referencial.
Desde o Ensino Médio, questiono-me sobre o que quer dizer um ponto, que é um ente fundamental no desenvolvimento de toda a Física e a Matemática. Um ponto é definido como um ente adimensional, mas existe algo adimensional? Quanto mais você se aproximar daquilo que temos por ponto, mais poderemos subdividi-lo, mas existe um limite para isso? A Física costuma impor alguns limites, mas a Física é baseada na Matemática e a partir do conceito de ponto, retas são construídas etc. . Dispensar o conceito de ponto é dispensar todo o nosso conhecimento em Exatas. O que mais me impressiona é que o castelo erigido por conceitos que não existem constrói pontes, edifícios, manda espaçonaves ao espaço e faz tantas outras maravilhas. Nunca fui adepto da idéia de que os resultados mostram se o método estava certo. Esse maquiavelismo é desonesto pra mim; da mesma maneira, esse pensamento leva-me às religiões. A Ciência não é muito diferente da Religião no que se refere a axiomatizações; no entanto, segundo o Houaiss, "axioma" é "premissa considerada necessariamente evidente e verdadeira, fundamento de uma demonstração, porém ela mesma indemonstrável". As premissas adotadas pelos religiosos não são tão evidentes assim.
Uma pergunta que sempre me incomodou foi "que é a verdade". Parece que não tem incomodado só a mim. Nietzsche dizia que "em todo o novo testamento só aparece uma figura digna de homenagens: Pilatos, o vice-rei romano". Ele dizia isso porque em João 18.38, Pilatos questiona "que é a verdade?", apoderando-se de um dos maiores questionamentos da Filosofia. Eu passei muito tempo tentando dar uma definição satisfatória. Nunca fui muito fã dos empiristas, até ler Shaftesbury, e o relativismo das sensações não me pareceu ser um caminho para a definição de verdade. Algo que sempre me perguntei foi se nós enxergamos as coisas do mesmo jeito ou se apenas demos nomes convencionais. Explico-me. Digamos que eu enxergue a cor vermelha como sendo amarela, e vice-versa, mas, desde pequeno, disseram-me que o amarelo chama-se vermelho, então, quando comparar com outra pessoa, falarei que estou vendo a mesma cor que ela, mas, em verdade, estarei vendo algo distinto. Alguém pode me dizer que isso pode acontecer com um homem e um crustáceo, que tem órgãos sensoriais distintos, e que como os instrumentos de captação entre dois homens quaisquer são iguais, a percepção seria a mesma; no entanto, quando alguém sente dor de dente, vai fazer uma cirurgia e recebe uma anestesia, a dor cessa. A dor está no dente ou no cérebro? Hoje, acredito que tudo está no cérebro e que nada existe sem ele, inclusive alma, mas isso é assunto para outra postagem — aumentando a minha lista de assuntos a serem tratados aqui.
Deixando um pouco de lado os questionamentos, e adentrando o campo das respostas, direi qual o meu conceito de verdade. Quando li Kant, percebi que a verdade absoluta é a coisa-em-si e que a mentira é o fenômeno. Para aqueles que estão menos familiarizados com termos filosóficos, coisa-em-si é a coisa como ela é, sem as perspectivas de quem vê, e o fenômeno é como enxergamos as coisas. Para exemplificar, imaginem um átomo. Ele tem um certo movimento. Para observá-lo, temos de incidir luz nele, mudando sua trajetória original. O átomo, antes de ser observado, é a coisa-em-si e o fenômeno é o que vemos. Perguntar-me-iam se não temos acesso às coisas-em-si. Teria de responder que não. Poderia listar muitos motivos físicos que me levam a crer que não tenho acesso às coisas-em-si e que nunca terei tal acesso enquanto viver. Os motivos adentram o campo da Psicologia etc. . "Nosso espírito é um cárcere: nunca pode saber quanto do objeto que ele conhece está nesse objeto ou no espírito que ele 'conhece'.".
Sempre me perguntei se as mariposas, com seu movimento desesperado, têm algum sensor ou se, simplesmente por instinto, não se chocam com certos objetos, por exemplo, um copo com líquido. Acontece que ontem estava na cozinha, peguei meu copo, enchi-o com Ades de banana. Fui pegar um pacote de biscoito e quando voltei para pegar o copo, havia uma mariposa se contorcendo dentro do meu copo. Mais uma das minhas intermináveis perguntas foi respondida. Aqueles que me conhecem há mais tempo devem estar perguntando-se aonde foi o meu célebre Toddynho. Acontece que descobri recentemente que tenho intolerância à Lactose e, portanto, estou abstendo-me dele. Não nasci com um bom paladar. Considero que assim como as Artes Visuais estão para os olhos e a Música para os ouvidos, a Gastronomia está para o paladar. Estou tentando mudar esse hábito. Gosto de borboletas, mas odeio profundamente as mariposas; no entanto, descobri recentemente uma música do Francis Hime, com a letra da Olivia Hime, intitulada, justamente, Mariposa e que, apesar do título, é linda! A intérprete é a Mônica Salmaso, que, por sinal, manda muito.
Mônica Salmaso — Mariposa
Música: Francis Hime/ Letra: Olivia Hime
Ó filhinha minha
Não sai de perto
Até clarear
Tua mãe tem medo
E precisa muito
Do teu olhar
Conta
Aquela história
Que eu te contava
Pra dor passar
Me acalma
Sussura um verso
E me diz o que é
Que faz sossegar
Nana, nana, nana
Menina e nina
Quem te nanou
Tua mãe tá triste
É de tanto amor
Me diz
Quantas folhas
Perde a palmeira
Antes dela crescer
Será que eu
Vou ter a coragem
De tanto me perder
Me diz
Quantas cruzes
Bordo em meu peito
Antes de me render
Se nos meus bordados
Ou mesmo nos pontos
De um botão
Arremato a dor
Que foi em vão
Pra onde vai
Tanta luz
E essa mariposa
Que se espantou
Pra onde vai
A ternura
Que um dia
Meu peito
Já guardou
Pra onde
É que vou
Tão triste
E madura
Pra onde
Meu amor
Nana, nana, nana
Menina e nina
Quem te nanou
Tua mãe tá triste
É de tanto amor
Ó filhinha minha
Não sai de perto
Até clarear
Tua mãe precisa
Do teu olhar
Nana, nana, nana
Menina e nina
Quem te nanou
Tua mãe tá triste
É de tanto amor
Música: Francis Hime/ Letra: Olivia Hime
Ó filhinha minha
Não sai de perto
Até clarear
Tua mãe tem medo
E precisa muito
Do teu olhar
Conta
Aquela história
Que eu te contava
Pra dor passar
Me acalma
Sussura um verso
E me diz o que é
Que faz sossegar
Nana, nana, nana
Menina e nina
Quem te nanou
Tua mãe tá triste
É de tanto amor
Me diz
Quantas folhas
Perde a palmeira
Antes dela crescer
Será que eu
Vou ter a coragem
De tanto me perder
Me diz
Quantas cruzes
Bordo em meu peito
Antes de me render
Se nos meus bordados
Ou mesmo nos pontos
De um botão
Arremato a dor
Que foi em vão
Pra onde vai
Tanta luz
E essa mariposa
Que se espantou
Pra onde vai
A ternura
Que um dia
Meu peito
Já guardou
Pra onde
É que vou
Tão triste
E madura
Pra onde
Meu amor
Nana, nana, nana
Menina e nina
Quem te nanou
Tua mãe tá triste
É de tanto amor
Ó filhinha minha
Não sai de perto
Até clarear
Tua mãe precisa
Do teu olhar
Nana, nana, nana
Menina e nina
Quem te nanou
Tua mãe tá triste
É de tanto amor