quarta-feira, 9 de agosto de 2023

Atendimentos de direção espiritual

 


Quando eu me converti ao Catolicismo, no dia 13 de março de 2013, não tinha a menor idéia do que eu teria de fazer na prática para ser efetivamente um católico. Toda a minha família materna é protestante, com ao menos quatro gerações de batistas influentes no meio brasileiro. Na parte paterna, com a qual não convivi tanto – a esmagadora maioria está na Bahia (nasci e resido em Brasília) –, muitos abraçaram o Protestantismo, e os poucos católicos que restam são meramente nominais. Estudei até a sétima série no Colégio Batista de Brasília. Mesmo quando deixei de estudar em uma escola confessional e nos anos de universidade, a maior parte das pessoas com quem convivi e com quem mantive amizade era composta por protestantes. Eu simplesmente, por conseguinte, não conhecia ninguém que poderia ajudar-me a viver uma vida católica concretamente. 

Como conto no meu relato de conversão, eu tive a graça de ter um diretor espiritual [1] antes mesmo de ir à minha primeira Missa, no dia 16 de junho de 2013. Fui dirigido espiritualmente, semanalmente, por cerca de sete anos. 

Sempre indiquei a todos os católicos que busquem um diretor espiritual. De preferência, é bom que seja um sacerdote que também possa ser o seu confessor. Tenho indicado, particularmente, a partir da minha própria experiência, os Padres do Opus Dei: eles costumam ser piedosos e conhecer bem a doutrina da Igreja [2].

Durante muitos anos, recebi convites para exercer a função de diretor espiritual – não há nada que impeça que leigos como eu a exerçam; entretanto, sempre os recusei. Reitero que é preferível que sacerdotes sejam escolhidos; contudo, diante do quadro lastimável do nosso Clero, que, em geral, possui péssima formação infelizmente, decidi neste ano passar a prestar esse tipo de atendimento no âmbito das minhas consultorias. Contudo, como simples leigo, que tem contas a pagar e uma família para sustentar, eu infelizmente não tenho condições de fazer isso de graça. Como a direção teria freqüência semanal, tomei a decisão de cobrar apenas metade do valor que tenho cobrado nas consultorias normais, ou seja, apenas 150 reais em vez dos 300 reais a hora. 

Os atendimentos, portanto, seriam semanais, com a duração de uma hora. Caso haja interesse em uma freqüência menor, quinzenal ou, no máximo, mensal, o valor original seria mantido. 

Infelizmente, não tenho condições de atender muitas pessoas; portanto, as vagas são limitadas. Se você tem interesse em ser dirigido por mim, entre em contato, por favor, comigo pela minha conta no Instagram (@fabiosaldecarvalho).

[1] Se você não tem a menor idéia do que é uma direção espiritual, dê uma olhada neste artigo do Padre Francisco Faus. 

[2] No site da Obra, vocês podem buscar os endereços dos centros pelo Brasil.

domingo, 12 de março de 2023

Bibliografia protestante sobre o "Sola Scriptura"

 


Quando se discute com protestantes acerca do princípio do "Sola Scriptura", um dos movimentos argumentativos mais comuns é a acusação de que, em verdade, não compreendemos o que é o princípio. Mesmo que citemos textualmente os autores relevantes sobre o assunto – prática, por sinal, incomum nos escritos anticatólicos –, que vários conversos tenham sido protestantes por anos a fio, como este mesmo que lhes fala, com alguns tendo exercido o ministério pastoral e obtido formação teológica, alguns com mestrado e doutorado, em instituições protestantes de renome, continuam acusando-nos de que não compreendemos como o princípio funciona. 

Muitos apelam a distinções ("Solo Scriptura", "Prima Scriptura", "Nuda Scriptura" e afins) que podem ter a sua relevância no âmbito denominacional protestante, mas que são completamente irrelevantes para os pontos levantados por nós na demonstração de que o princípio é falso. Se ao menos demonstrassem em que medida tais conceitos invalidariam a nossa argumentação ou em que medida o que dizemos está em desacordo com a bibliografia concernente ao assunto, incluindo os próprios documentos de cada denominação, seria menos pior; no entanto, simplesmente costumam afirmar que não entendemos o princípio. 

Desde que me tornei católico, em 2013, sempre tive o trabalho de indicar ao leitor a literatura contraditória com o que digo. Quando tenho conhecimento de um novo lançamento contra o Catolicismo, eu mesmo tenho o trabalho de divulgá-lo e de lê-lo. Quando passei a compilar neste blogue conversos ao Catolicismo que publicaram livros, mencionei um blogue protestante que indica literatura razoável de supostos ex-católicos que abraçaram o Protestantismo. Sempre convidei o leitor a comparar, por sua própria conta, os nossos argumentos com aquilo que é dito no meio protestante. 

Tendo em vista essa fala freqüente em discussões sobre o "Sola Scriptura" com protestantes, enumerarei aqui obras protestantes sobre o princípio convidando o leitor a lê-las a fim de verificar se as críticas católicas de fato estão reportando-se a outra coisa que não seja o próprio princípio e se qualquer uma dessas obras oferece respostas satisfatórias às centenas de críticas que lhes oferecemos – não é exagero dizer "centenas": o Dave Armstrong, por exemplo, chegou a publicar um livro intitulado "501 Biblical Arguments Against Sola Scriptura", que depois se transformou no livro "100 argumentos bíblicos contra o Sola Scriptura".

ALBUQUERQUE G. C. Confissões de fé e catecismos da igreja cristã reformada;
ALKIER, Stefan. Sola Scriptura 1517-2017: Rekonstruktionen – Kritiken – Transformationen – Performanzen; 
ANGLADA, Paulo. Sola Scriptura: a doutrina reformada das Escrituras; 
ARMSTRONG, John. Roman Catholicism: evangelical protestants analyze what divides and unites us;
BANZOLI, Lucas. Em defesa da Sola Scriptura (2 volumes); 
BARRETT, Matthew. Somente a Escritura: a autoridade da Palavra de Deus;  
BARRETT, Matthew. Teologia da Reforma
BOICE, James Montgomery. The foundation of biblical authority;
BRUMMEL, Nathan. The solas of the Reformation: the core doctrines of protestantism;
BURGER, Hans; HUIJGEN, Arnold; PEELS, Eric. Sola Scriptura: biblical and theological perspectives on Scripture, authority, and hermeneutics;
BURNS, Jason. Sola Scriptura: a defense of the Bible against Catholic tradition; 
CABALLERO, Jaime. Las cinco solas de la reforma protestante;
CALVINO, João. A instituição da religião cristã (2 volumes);
CHEMNITZ, Martin. Examination of the Council of Trent (4 volumes);
CODLING, Don. Sola Scriptura e os dons de revelação: como lidar com a atual manifestação do dom de profecia?; 
COMISSÃO INTERLUTERANA DE LITERATURA. Livro de Concórdia: as confissões da Igreja Evangélica Luterana; 
CRAMPTON, W. Gary. By Scripture alone: the sufficiency of Scripture; 
CRUZ, Juan de la. Las 5 solas de la Reforma;
DENAULT, Pascal. Solas: la quintessence de la foi chrétienne;
DORN, Douglas van. The five solas of the Reformation;
DOWNING, William. Sola Scriptura: o grande distintivo batista;
FAMERÉE, Joseph; LEINER, Martin. Les 'sola' de la Réforme relectures protestantes et catholiques;
FERREIRA, Franklin. Pilares da fé: a atualidade da mensagem da Reforma;  
FLUHRER, Gabriel N. E. Firme fundamento: a inerrante Palavra de Deus em um mundo errante;
FRANCISCO, Adam S.; MAAS, Korey D.; MUELLER, Steven P. Theologia et apologia: essays in reformation theology and its defense presented to Rod Rosenbladt;
GEISLER, Norman L.; MACKENZIE, Ralph E. Roman catholics and evangelicals: agreements and differences;
GEORGE, Timothy. Teologia dos reformadores;
GOODE, William. The divine rule of faith and practice: or a defence of the catholic doctrine that Holy Scripture has been, since the times of the apostles, the sole divine rule of faith and practice to the church: against the dangerous errors of the authors of the tracts for the times and the romanists, as, particularly, that the rule of faith is "made up of Scripture and Tradition together" etc.;
HALLOCK, Mark; HALEY, Ben. Sola: Five 16th-Century Truths that Recaptured the Heart of the Gospel and Why They Matter Today;
JOHNSTON, Robert K. The use of the Bible in theology/evangelical options;
KETTLER, Jack. The five points of Scriptural authority: a defense of Sola Scriptura;
KING, David t.; WEBSTER, William. Holy Scripture: the ground and pillar of our faith (3 volumes); 
KISTLER, Don. Sola Scriptura: numa época sem fundamentos, o resgate do alicerce bíblico; 
KYNER JR., Stephen J. Unyielding Foundations: Exploring the Five Solas of the Reformation;
LEPPIN, Volker. Sola: Christ, Grace, Faith, and Scripture Alone in Martin Luther's Theology;
LILLBACK, Peter A.; GAFFIN, Richard B. Thy Word is still truth: essential writings on the doctrine of Scripture from the Reformation to today; 
MARTINS, Yago. O cristão reformado: uma introdução bíblica aos pilares do protestantismo; 
MATHISON, Keith. The shape of Sola Scriptura
MELANCHTON, Filipe. Loci theologici: tópicos teológicos, de 1521; 
MULLER, Richard A. Post-Reformation reformed dogmatics: the rise and development of reformed orthodoxy, ca. 1520 to ca. 1725 (4 volumes)
PAYTON JR., James R. Getting the Reformation wrong: correcting some misunderstandings; 
PECKHAM, John C. Canonical theology: the biblical canon, Sola Scriptura, and theological method;
PICKOWICZ, Nate. Why we're protestant: the five solas of the Reformation, and why they matter;
SANTRAC, Aleksandar S. Sola Scriptura: Benedict XVI's theology of the Word of God; 
SCHWERTLEY, Brian M. Sola Scriptura e o princípio regulador do culto;
SPROUL, R. C. Scripture alone: the evangelical doctrine; 
SUBILIA, Vittorio. "Sola Scriptura": autorità della Bibbia e libero esame;
TRUEMAN, Carl R. O imperativo confessional;
TURRENTINI, François. Compêndio de teologia apologética (3 volumes); 
VANHOOZER, Kevin J. Autoridade bíblica pós-Reforma: resgatando os solas segundo a essência do cristianismo protestante puro e simples; 
WHITAKER, William. A disputation on Holy Scripture, against the papists, especially Bellarmine and Stapleton; 
WHITE, James R. Scripture alone: exploring the Bible's accuracy, authority and authenticity;
WITHERINGTON III, Ben. Sola Scriptura: Scripture's Final Authority in the Modern World.

Observações: há muitos artigos bons sobre o assunto, mas procurei ater-me a livros. Alguns dos livros acima não são totalmente dedicados ao tema do "Sola Scriptura", mas contêm ao menos um capítulo dedicado a ele. A formação do cânone bíblico é um outro assunto, embora muitas críticas católicas perpassem-no. Para não os deixar sem nada, indico-lhes o trabalho do Lee Martin McDonald, que talvez seja o maior especialista hoje no assunto, especialmente os dois tomos do seu "The formation of the biblical canon". Seria importante indicar documentos das diferentes denominações que registram o seu entendimento do princípio; contudo, limitei-me, na lista acima, principalmente ao luteranismo e ao calvinismo, embora haja capítulos de autores de outras vertentes nos livros acima. 

terça-feira, 27 de setembro de 2022

Como votarei nas eleições de 2022 (Minha colinha para 2022)

Há alguns anos, venho divulgando os candidatos que receberão o meu voto nas eleições. Em 2018, pela primeira vez, resolvi fazer essa divulgação neste blogue. 

Começarei do mesmo modo como iniciei o texto de 2018, falando das possibilidades de voto nulo e branco – inclusive, dêem uma olhada no que disse naquele ano.

Nenhum candidato é idêntico a nenhum outro candidato. Isso significa que, necessariamente, haverá pelo menos uma propriedade que um terá em detrimento ou favorecimento de outro ou dos outros. Os cargos não ficarão vagos a despeito de você decidir votar ou não. Alguém irá ocupá-los. Não faz, por conseguinte, o menor sentido abster-se de escolher um candidato para cada um dos cargos. Creio que aqueles que optam por essa possibilidade pecam por omissão, para não dizer algo mais grave sobre quem decide agir assim.

Neste ano, não irei alongar-me muito porque as circunstâncias são outras, como ficará claro ao longo do texto. 

O primeiro critério que tenho utilizado, desde 2014, é eliminatório: não votar em candidatos que pertençam a partidos do Foro de São Paulo [PDT (12); PCdoB (65); PCB (21); PT (13); Cidadania (23), antigo PPS]. O PSB (40) fazia parte do Foro, mas não está mais listado no site oficial. O PPL, que também fazia parte do Foro, foi extinto e incorporado ao PCdoB. Quanto ao Cidadania, é importante ressaltar que o site oficial do Foro ainda lista o Partido Popular Socialista (PPS), agora Cidadania, mas o Wikipedia relata que o partido não participa mais do Foro desde 2004. Por via das dúvidas, estou integrando o partido ao Foro.

Já era grave desconhecer o Foro de São Paulo nas eleições passadas; contudo, caso você ainda não tenha idéia do que ele vem a ser, sinto informá-lo de que está vivendo no mundo da lua. Indico o mesmo artigo que indiquei em 2018, do Felipe Moura Brasil, de quando ele ainda não tinha enlouquecido, e o livro lançado recentemente pela Vide Editorial compilando artigos do professor Olavo de Carvalho sobre o assunto.

Qualquer partido que esteja em federação com um desses partidos pertencentes ao Foro – para quem não sabe, não existem mais coligações desde a reforma eleitoral de 2021 – deve ser descartado. O PT (13), para o cargo de presidente, por exemplo, fez uma federação chamada "Coligação Brasil da Esperança" que une os partidos PCdoB (65), PV (43), SOLIDARIEDADE (77), PSOL (50), REDE (18), PSB (40), AGIR (36), AVANTE (70), PROS (90). Todos esses partidos devem ser evitados por estarem em federação com partidos do Foro de São Paulo; então, evitem-nos para todos os outros cargos. 

Os dois outros candidatos à presidência que montaram federações foram o Bolsonaro e a Simone Tebet. A Simone está na "Coligação Brasil para Todos", que juntou os partidos MDB (15), PSDB (45), Cidadania (23) e PODE (19). Vejam que o Cidadania, ligado ao Foro de São Paulo, está nessa coligação. Então, evitem votar em candidatos desses partidos. A federação do Bolsonaro, "Pelo bem do Brasil", juntou os partidos PP (11), REPUBLICANOS (10) e PL (22).

É importante, contudo, lembrar duas coisas. Primeiramente, os partidos são complexos. Eles são sensíveis aos diretórios regionais, de modo que um dado partido pode, em um determinado Estado, não ser tão ruim assim. O saudoso professor Olavo de Carvalho costumava dizer, com razão, que é mais fácil tomar um partido do que abrir um novo; então, pode haver alguma situação regional mais complexa que pode levar-nos a votar em um desses partidos, mas a regra é evitá-los. Vale lembrar também que as federações para a presidência não precisam repetir-se para os outros cargos. Os partidos podem fazer outros arranjos de acordos para outros cargos.

Segundamente, suponha que um candidato do PT e outro do PSB estejam disputando o governo de um Estado, como ocorre no Ceará – para ser preciso, no Ceará, há o Elmano de Freitas, do PT, e o Roberto Cláudio, que, embora seja do PDT, teve o seu partido em federação com o PSB. Suponhamos que os dois acabem indo para o segundo turno. Obviamente, a regra que temos adotado de não votar nesses partidos não valeria aqui. Teríamos de escolher o mal menor.

Dito isso, vamos para o cargo de presidente. 

PRESIDENTE

Em 2018, eu listei todos os candidatos à presidência e fui eliminando-os a partir dos seus partidos, mas não farei esse procedimento desta vez. Neste ano, temos 11 candidatos à presidência, mas todos estamos cansados de saber que a real disputa será entre o Bolsonaro e o Lula. Praticamente todas as pesquisas indicam três nomes nas primeiras colocações: Lula, Bolsonaro e Ciro. Lula e Ciro são de partidos do Foro de São Paulo. Seria absolutamente desastroso ter um governo com um dos dois na presidência. Os outros candidatos não costumam passar de 4% nas intenções de voto – sei que essas pesquisas são fajutas, mas elas pelo menos indicam tendências, embora possam não acertar o vencedor e as porcentagens precisas. Somente esse fato já seria mais do que suficiente para votar no Bolsonaro. 

Em 2018, eu listei 17 razões para votar no Bolsonaro, aproveitando o número do partido em que estava. Em princípio, tinha pensado em não fazer a mesma coisa neste ano, listando 22 razões para votar no Bolsonaro, mas mudei de idéia. O texto está neste blogue

GOVERNADOR

Inicialmente, havia 12 candidatos ao governo do Distrito Federal, mas o Parente, do PSB, renunciou, a candidatura do Renan Arruda, do PCO, foi indeferida com recurso e a do Paulo Octávio, do PSD, foi deferida com recurso. Levando em conta apenas os candidatos com candidatura deferida, com ou sem recurso, temos:

Coronel Moreno (PTB)

Ibaneis Rocha (MDB)
Partidos em federação: AVANTE; PROS; AGIR; PP; SOLIDARIEDADE; MDB; PL

Izalci (PSDB)
Partidos em federação: Cidadania; PRTB

Keka Bagno (PSOL)
Partidos em federação: REDE

Leandro Grass (PV)
Partidos em federação: PT; PCdoB; PV

Leila do Vôlei (PDT)

Lucas Salles (DC)

Robson (PSTU)

Teodoro da Cruz (PCB)

Paulo Octávio (PSD)
Partidos em federação: PODE; PATRIOTA; PSD; PSC; PMB

Vejam como as federações, regionalmente, são completamente diferentes daquelas feitas para a presidência. 

Para o governo do Distrito Federal, há um problema. Nas pesquisas, há a possibilidade de haver segundo turno entre o Ibaneis, que tenta a reeleição, e o Leandro Grass ou a Leila do Vôlei ou o Paulo Octávio. Creio que seria interessante um segundo turno entre o Ibaneis e o Paulo Octávio – a proposta de governo do Paulo Octávio de 55 metas é boa e chamou a minha atenção especialmente o projeto dele na área de cultura; no entanto, temo um segundo turno entre o Ibaneis e o Leandro ou a Leila porque os dois últimos são esquerdistas doentes. Tudo bem que o Ibaneis não é lá essas coisas – basta ver a proposta de governo dele cheia de esquerdismo e os próprios partidos que se juntaram a ele –, mas ele não chega perto do Leandro e da Leila. Não vejo ninguém em Brasília que seja totalmente simpático ao Ibaneis. Todos que conheço que votarão nele farão isso sem muita empolgação. Tenho receio de que essas pessoas acabem mudando de voto em um possível segundo turno, votando na Leila ou no Leandro. Algumas pesquisas indicam a possibilidade de o Ibaneis ser eleito no primeiro turno. 

Embora o Ibaneis seja do MDB e esteja em federação com partidos que estão apoiando o Lula para a presidência, curiosamente, o partido do Bolsonaro, o PL, e o partido que fez federação com o PL, o PP, estão em federação com o MDB para o governo. 

Pessoalmente, não achei o governo do Ibaneis lá essas coisas, mas pelo menos, durante a pandemia, ele não fez as loucuras que vimos em outros Estados. 

Meu voto será no Paulo Octávio, tendo em vista que o programa dele é sóbrio, sem nenhum tipo de esquerdismo, e que os partidos que estão do seu lado são infinitamente melhores do que aqueles que estão apoiando o Ibaneis. Vale ressaltar também que seria estratégico votar nele pensando em eliminar a possibilidade de que tenhamos um segundo turno do Ibaneis com o Leandro ou a Leila.  

SENADOR

Temos 9 candidatos ao Senado no DF com a candidatura deferida. É importante escolher os cargos para o Senado e para a Câmara a partir da escolha para a presidência. O Bolsonaro tem apoiado a Damares, do REPUBLICANOS, que está em federação com o União, e a Flávia Arruda, que é do seu partido, PL, que está em federação com os partidos MDB; PP; PL; PROS; AGIR; AVANTE. O voto para o cargo de senador é majoritário, não proporcional; então, o peso do partido ou da federação não é tão importante como no caso dos cargos de deputado. 

Nas pesquisas, a Flávia Arruda está na frente, seguida pela Damares. A Rosilene Corrêa, do PT, e o Joe Valle, do PDT, vêm depois da Damares, mas relativamente distantes. 

Semanas atrás, vi um vídeo da deputada distrital Júlia Lucy falando sobre como a Damares ajudou-a na autorização de compra de implantes subdérmicos. A Júlia insiste, há anos, em facilitar o acesso a métodos contraceptivos abortivos como, por exemplo, o DIU. Esses implantes subdérmicos têm o mesmo funcionamento de pílulas contraceptivas. A única coisa que muda é a forma de estímulo de produção hormonal: um é por via oral, outro, por via cutânea. Depois, a Damares gravou um vídeo convidando os eleitores a votarem na Júlia Lucy. Tentei, em vão, perguntar para a Damares se ela tinha conhecimento de que esses métodos são abortivos. Isso é bastante grave. Como alguém pode dizer, o tempo todo, ser defensora da vida, desde a concepção, ao mesmo tempo em que estimula e promove métodos contraceptivos abortivos?

Eu estava decidido a votar na Flávia Arruda por conta desse fato; contudo, ao ver um debate entre os quatro candidatos supracitados no Metrópoles, decidi votar, mesmo assim, na Damares por algumas razões.

Em primeiro lugar, ela claramente está com o Bolsonaro. Não se vê a mesma convicção na Flávia. Nos últimos anos, vimos a quantidade de políticos eleitos que traíram o presidente. Creio que é menos provável que a Damares faça algo assim, como uma Joice Hasselmann, um Alexandre Frota, uma Soraya Thronicke, uma professora Dayane Pimentel e tantos outros. Em segundo lugar, a Michelle Bolsonaro tem feito campanha aberta para a Damares. Creio que o Bolsonaro deve ter sido obrigado a não apoiar a Damares, em favorecimento da Flávia, por conta do seu partido, mesmo que o partido da Damares esteja em federação com o PL para o cargo de presidente. Em terceiro lugar, creio que a questão mais importante a considerar é que nós precisamos de pessoas capazes de enfrentar os ditadores de toga do STF. A Flávia é casada com um político de passado conturbado, a saber, o Arruda. Temo que a Flávia possa não ter a independência necessária para afrontar o STF quando for preciso. Eu acho, sinceramente, que a Damares simplesmente seja ignorante sobre os efeitos abortivos desses métodos. Na pior das hipóteses, supondo que ela realmente saiba o que esteja fazendo, o STF tem mais poder para promover o aborto no Brasil – não deveria ser assim por não ser prerrogativa do Supremo legislar, mas é a nossa triste realidade – do que a Damares sozinha como senadora. 

De qualquer modo, não faço idéia dos posicionamentos da Flávia Arruda sobre esses métodos particularmente. Creio que ela seja católica, mas infelizmente isso não diz muito sobre o brasileiro médio.

Sopesando tudo isso, irei votar na Damares.

DEPUTADO FEDERAL

Nas eleições passadas, eu votei na Bia Kicis. Não me arrependo do meu voto. Acho que ela fez um bom trabalho como deputada federal. Pensei na possibilidade de examinar outros candidatos para ver se encontrava alguém que poderia ser uma opção melhor, mas resolvi ficar com a Bia mesmo. O PL tem apenas nove candidatos com a candidatura deferida, com ou sem recurso, e não fez federação com nenhum partido. Dei uma examinada em todos os outros candidatos que podem ser eleitos, por meio do meu voto, consultando suas redes sociais e respectivas páginas, e achei razoável o quadro de candidatos do partido.

DEPUTADO DISTRITAL

Votarei no Fábio Gomes para deputado distrital. Pela primeira vez, desde que comecei a votar, desde 2002, votarei em alguém que realmente conheço e em quem realmente confio. O meu xará cresceu na mesma igreja batista em que cresci. Assim como eu, também é ex-protestante converso ao Catolicismo. Ele também freqüentou o centro do Opus Dei, o CEAC, aqui de Brasília. Trabalhamos na mesma Secretaria do MEC em 2019. O PRTB, pelo qual ele está candidatando-se, foi o partido com o qual o Bolsonaro fez coligação em 2018, por meio da candidatura do General Mourão. Estive no lançamento da pré-candidatura do Fábio, e a presidente do partido deixou muito claro que o principal objetivo deles era reeleger o Bolsonaro. Eles têm vinte candidatos ao cargo. Dei uma olhada geral nos perfis deles, mas infelizmente nem sempre foi possível ver muita coisa porque alguns simplesmente tinham praticamente nada nos seus perfis. Por desencargo de consciência, dei uma olhada no PL, no partido do Bolsonaro, que seria um partido alternativo, e eles têm 24 candidatos. Eu teria de vasculhar todos eles, com a desvantagem de que não conheceria ninguém pessoalmente. Além do mais, o Fábio não apenas é uma pessoa inteligente e confiável, que eu conheço há anos, mas também tem propostas muito boas. Infelizmente, não consegui acessar o material dele no seu site – já o avisei –; então, disponibilizei-o em um link para quem quiser conhecê-las. 

Minha cola para 2022, portanto, ficou assim:


Presidente
Jair Bolsonaro (22, PL)
Federação: Pelo bem do Brasil (PP; REPUBLICANOS)

Governador
Paulo Octávio (55, PSD)
Federação: DF para todos (PODE; PATRIOTA; PSC; PMB)

Senador
Damares Alves (100, REPUBLICANOS)
Federação: União por Brasília (União)

Deputado Federal
Bia Kicis (2222, PL)

Deputado Distrital
Fábio Gomes (28028, PRTB)


22 razões para votar em Jair Bolsonaro


 1

O governo do Bolsonaro está comprometido com o valor mais importante que um ser humano pode ter: a sua própria vida, desde a concepção. A Esquerda, de forma geral, relativiza a vida e crê que tartarugas podem ser preservadas sem que os ovos de tartarugas sejam preservados – no caso particular de tartarugas, parece que o raciocínio deles funciona perfeitamente, em detrimento de bebês humanos. Se você é favorável ao aborto, por favor, veja o conjunto de argumentos que elenquei nos destaques sobre o assunto no meu perfil do instagram (@fabiosaldecarvalho) e compre alguns livros que foram lançados, nos últimos anos, no Brasil – entre, por exemplo, no site da Vide Editorial e pesquise por "aborto" no campo de pesquisa. Não faz sentido discutir sobre qualquer outro assunto sem a garantia da vida de quem poderá ter direitos. Quem não tem vida não pode ter saúde, educação ou qualquer outra coisa. 

2

Por falar em direito à vida, semelhantemente, não adianta nascer, mas ser morto. Com os governos do PT, atingimos taxas de homicídio inacreditáveis no Brasil. Era mais seguro ir para qualquer guerra do mundo do que permanecer no Brasil. Para ter a taxa do Brasil, você teria de somar a taxa dos EUA, do Canadá, de Marrocos, da Argélia, da Tunísia, da Líbia, do Egito, da China, da Mongólia, da Malásia, da Indonésia, da Austrália, da Nova Zelândia, da Coreia do Sul, da Coreia do Norte, do Japão, de Portugal, da Espanha, do Reino Unido, da Irlanda, da França, da Bélgica, da Holanda, de Luxemburgo, da Alemanha, da Itália, da Suíça, da Dinamarca, da Noruega, da Suécia, da Finlândia, da Estônia, da Letônia, da Lituânia, da Polônia, da República Tcheca, da Eslováquia, da Áustria, da Hungria, de Belarus, da Ucrânia, da Romênia, da Moldávia, da Bulgária, da Eslovênia, da Croácia, da Bósnia-Herzegóvina, da Sérvia, de Montenegro, da Albânia, da Grécia e – ufa! – da Macedônia! Vocês têm noção disso? O Brasil ainda ficava um pouquinho na frente mesmo juntando todos esses países! E não me venham falar em proporcionalidade de população porque os EUA têm uma população muito maior do que a nossa por exemplo! 

O presidente "genocida" irá deixar um governo com a menor taxa de homicídio dos últimos dez anos! As mortes violentas também caíram, lembrando que essas estatísticas abarcam todos os grupos, incluindo mulheres, negros, homossexuais etc. Praticamente todos os números que vocês puderem consultar sobre a segurança pública, durante o governo do Bolsonaro, são melhores do que aqueles apresentados nos últimos governos. 

3

O próximo presidente indicará pelo menos dois novos ministros para o STF. Tudo bem que ninguém soltou fogos de artifício pelos dois indicados pelo Bolsonaro, o Nunes Marques e o André Mendonça, mas convenhamos que ainda conseguem ser melhores do que qualquer um que já estivesse lá. De qualquer modo, vocês preferem mesmo que o Lula indique alguém no lugar do Bolsonaro? Lembrem-se também da novela que foi para o André Mendonça ser efetivado: colocaram ele em banho-maria até não poderem mais. Imaginem se o indicado fosse algum conservador de cepa. Não seria aprovado nunca! É por isso que temos de ter muito cuidado no nosso voto para o Senado nestas eleições.

4

Não adianta conseguir nascer, permanecer vivo, mas não ter liberdade. Durante a pandemia, o único que falou, a todo momento, em defesa da liberdade de o trabalhador poder trabalhar foi o Bolsonaro. O único que defendeu, sistematicamente, a nossa liberdade de escolher vacinar ou não foi o Bolsonaro. O Lula, por sua vez, disse que defendia que ninguém seria obrigado a vacinar-se, mas que não poderia ir a lugares públicos, não poderia participar de nada que tenha gente, não poderia visitar parente, não poderia ter seus filhos na escola, tendo de ficar trancado em casa. 

5

Por falar em liberdade, também temos a liberdade de defender-nos por meio de armas. Não importa o que você pense sobre esse assunto: em 2005, houve um referendo, no Brasil, em que 63,94% da população recusou o desarmamento, mas a decisão do povo brasileiro foi completamente ignorada. Se você vive falando em democracia, deveria querer que a vontade dos brasileiros fosse respeitada. O único que procurou respeitar o referendo de 2005, desde que ocorreu, foi o Bolsonaro. Se você ainda acredita nas lorotas contadas sobre o armamento, procure os inúmeros debates do Bene Barbosa pelo YouTube e faça a mesma coisa que sugeri quando falei sobre o aborto: entre no site da Vide Editorial, digite "arma" no campo de pesquisas e estude a literatura que aparecer lá. Já existe literatura no Brasil suficiente para ser minimamente honesto ao falar sobre esse assunto. É bom lembrar que, durante a gestão do Bolsonaro, houve um aumento na apreensão de armas ilegais com respeito ao ano de 2018. 

6

O Bolsonaro é contra a legalização de drogas. Se você acredita que esse assunto é apenas uma questão de discussão sobre liberdades individuais, dê uma olhada em um vídeo do Bernardo Küster em que ele fala sobre isso. Com relação ao ano de 2018, durante o governo do Bolsonaro, como ele apresenta no seu plano de governo, houve mais apreensão de drogas. Em maio deste ano, a Força Aérea lançou dois satélites, Carcará 1 e 2, para ajudar no combate ao tráfico de drogas. O Lula, contrariamente, sempre esteve ligado ao narcotráfico, começando pelo Foro de São Paulo, sem contar suas ligações com o PCC.

7

Eu trabalhei no Ministério da Educação (MEC) em 2019, na Secretaria de Alfabetização (Sealf), com o Carlos Nadalim, que tem feito um trabalho extraordinário, lembrando que essa Secretaria foi uma criação do governo Bolsonaro. Minha esposa trabalha no Ministério da Saúde desde 2020. Ela trabalhou na Secretaria da Doutora Mayra Pinheiro, que foi tão atacada naquela palhaçada de CPI da Pandemia no Senado. Eu também tenho inúmeros amigos que trabalham no governo. Uma das minhas atribuições, quando trabalhei na Sealf, era a de acompanhar o que a mídia publicava a respeito da Secretaria para oferecer respostas. Todos os dias, éramos atacados gratuitamente, sem nenhuma justificativa. Eu perdia um bom tempo do meu trabalho com bobagens. A Esquerda fazia de tudo para boicotar o nosso trabalho, desde a mídia a funcionários infiltrados no Ministério. O Nadalim pedia para picotarmos todos os documentos que imprimíssemos na época em que estávamos desenvolvendo a Política Nacional de Alfabetização (PNA), mas, incrivelmente, sempre vazavam trechos inteiros entre aspas nos meios de comunicação que correspondiam precisamente àquilo que realmente estava nos documentos. Nos Ministérios, há cargos comissionados, mas há um número razoável de funcionários públicos concursados. Se o sujeito for de Esquerda, e não tiver caráter – uma conjunção que não é rara de encontrar-se em esquerdistas –, ele simplesmente fará de tudo para boicotar o governo. Enfim, o que quero apontar neste item é que eu pude acompanhar de perto a dedicação daqueles que foram colocados no governo do Bolsonaro a despeito de todos os boicotes imagináveis. Eu não tinha hora para sair do Ministério, trabalhei fins de semana, sem receber remuneração adicional por isso – e fazia isso com alegria porque sabia que estava trabalhando pelo meu país. Eu vejo a Dani fazendo a mesma coisa e vi todos os meus colegas de trabalho agindo assim: todos com um forte senso de missão. Eu ouvi relatos de funcionários que trabalhavam há anos no Ministério, que pegaram vários governos, dizendo-me como viam como as coisas estavam diferentes no governo Bolsonaro e que nenhum outro governo foi tão atacado pela mídia. Vejam bem: eu sou um zé ninguém, era um mero assessor do Nadalim na Sealf, mas, quando fui nomeado, fui atacado pela Carta Capital, pelo UOL, pelo Metrópoles e tantos outros órgãos da Imprensa. Se foi assim comigo, imaginem com os cargos mais altos. Enquanto os cargos, nos governos anteriores, eram ocupados por gente que estava interessada na "Pátria Grande", neste governo são ocupados por quem está disposto a dar a sua vida pelo seu país. Os cargos, nos governos anteriores, eram distribuídos a pessoas sem qualquer competência, trocadas, a todo momento, por conta de escândalos de corrupção. 

8

Já que falei da minha experiência no MEC, falemos da educação no Brasil. Pela primeira vez na história deste país, para usar o mote do candidato ex-presidiário, tivemos um governo atento à fase mais importante da educação: a alfabetização. Os dados do Inaf demonstram que, em 2018, apenas 12% da população tinha uma alfabetização proficiente. Isso é um completo desastre educacional e civilizacional! Os governos passados gabam-se de ter ampliado o acesso às universidades, mas imaginem tantos profissionais analfabetos ocupando cargos na sociedade! O governo Bolsonaro criou uma Secretaria no MEC especialmente dedicada à alfabetização, lançou uma nova Política Nacional de Alfabetização, totalmente baseada em evidências científicas e nas melhores experiências mundiais. Muitos programas foram lançados, incluindo um de promoção da literacia familiar, o "Conta pra mim", unindo e fortificando as famílias, tão atacadas em governos anteriores, por meio da leitura em voz alta para crianças. O Brasil que o Bolsonaro pegou foi um país onde apenas 2% dos alunos saem do Ensino Médio sabendo Português e 5% com conhecimento rudimentar de Matemática! O que esperar de alunos que não conseguem sequer ler um texto com proficiência?

Nenhum outro governo, desde a Nova República, desde a redemocratização do país, reduziu e eliminou tantos impostos! A Esquerda, contrariamente, só pensa em meter mais a mão no nosso bolso o tempo todo! O Bolsonaro e o Paulo Guedes disseram que fariam isso, na campanha de 2018, e cumpriram com o que prometeram!

10

O "establishment" inteiro está contra o Bolsonaro. A grande mídia inteira o odeia! Apenas isso já seria motivo suficiente para votar nele! Vocês viram aquela foto constrangedora dos ex-presidenciáveis unidos contra o Bolsonaro, do Boulos ao Meirelles? 


11
O número de invasões de propriedades, durante o governo do Bolsonaro, foi ridículo comparativamente aos outros governos! Por sinal, uma das promessas do Bolsonaro, que pode ser vista em todo o seu plano de governo, é precisamente a de garantir efetivamente o direito à propriedade – creio que vocês devem ter cultura suficiente para saber o que Marx pensava sobre esse direito. 


12

O Bolsonaro é favorável ao voto impresso. Se você ainda acha que isso é teoria da conspiração, pesquise os vídeos do professor Diego Aranha sobre o assunto e, sobretudo, o vídeo do procurador Felipe Marcelo Gimenez. Vejam também o vídeo do professor Pedro Rezende, que é professor de segurança na informática na UnB e doutorou-se em Matemática Aplicada em Berkeley. Ele conta que a Holanda, em 1991, foi o primeiro país a informatizar suas eleições, mas que, ao perceber a vulnerabilidade do sistema, reintroduziu a contagem por cédulas, e que a informatização, que parece fazer mágica, eliminando os riscos de fraude que existiam no papel, paga um preço ao introduzir novas formas de fraude invisíveis e praticáveis a atacado. Ele menciona também que a Índia, em 1992, foi outro país pioneiro no uso de urnas eletrônicas, no sistema de primeira geração, como é o nosso, mas que, em 2013, considerou esse sistema inconstitucional por não permitir a recontagem dos votos. 

O fato é que o nosso sistema eleitoral é ultrapassado e não é confiável. O único interessado em melhorá-lo e que questiona o que pode e deve ser questionado – vejam os vídeos que lhes indiquei – é o Bolsonaro. 

13

Já que estamos no item 13, em homenagem ao Lula, vamos falar dos pobres. O comediante Léo Lins brinca que o Lula só sabe falar em pobre o tempo todo. Pois falemos dos pobres! O plano de governo do Bolsonaro argumenta, na página 3, que os dados do IBGE e do Banco Mundial mostram que, entre 2003 e 2016, enquanto a pobreza caiu no mundo 53,5%, ela aumentou no Brasil em 11%. Isso em um período extremamente favorável regionalmente e mundialmente! O que o governo do Bolsonaro fez durante uma pandemia e uma guerra? Enquanto a pobreza aumentou em 40%, ele impediu que 14 milhões de brasileiros entrassem na linha de pobreza, enquanto o Lula impediu que 30,6 milhões de pessoas saíssem dela. Nessas horas, é importante prestar menos atenção em narrativas e mais em fatos. Imaginem o que o Bolsonaro conseguiria fazer em tempos mais tranqüilos!

14

Enquanto a Esquerda fala, o tempo todo, em regulações para a mídia, o Bolsonaro, no seu governo, nunca tomou nenhuma medida para cercear a liberdade de expressão de quem quer que seja e, no seu plano de governo, afirma que ela será estimulada e garantida no seu novo governo. Com tantos ataques à liberdade de opinar que vimos nos últimos anos, com anuência e protagonismo do lamentável Supremo Tribunal Federal que temos, é importantíssimo termos um presidente que prime pela nossa liberdade de pensamento. 

15

Sei que o brasileiro tem memória ruim, mas vocês se lembram de quantos escândalos de corrupção pipocavam, diariamente, nos governos anteriores? Em todos os dias, havia algum esquema denunciado nos noticiários. Isso acontecia o tempo todo! Não apenas isso: o PT foi responsável pelos maiores esquemas de corrupção não apenas da história do Brasil, mas do mundo! Os supostos casos de corrupção que querem colocar no colo do Bolsonaro não têm, por ora, fundamento algum, das "rachadinhas" ao tal do "orçamento secreto", que não é secreto. Mesmo assim, suponhamos que todos esses casos sejam realmente reais. Basta ter algum senso de proporção para preferi-los à corrupção institucionalizada. O Lula foi condenado em três instâncias, por vários juízes diferentes, bilhões foram devolvidos concretamente. É piada querer comparar isso com qualquer coisa que o Bolsonaro tenha ou não feito. 

16

Por falar em corrupção, as nossas estatais, que geravam prejuízo e que estavam sucateadas por conta dela e da má gestão, triplicaram os seus lucros e têm desempenho recorde

17

O Bolsonaro tem uma perspectiva muito correta sobre os indígenas do Brasil. Não houve demarcações de terras indígenas no país durante o seu governo. O território demarcado hoje corresponde aos territórios do Mato Grosso e de Tocantins somados! É muita coisa! É engraçado como as mesmas pessoas que defendem tanto o uso social das propriedades e a reforma agrária defendem que os indígenas que estavam no Brasil, antes de Cabral, monopolizassem 8 510 345,538 km². Eles simplesmente eram os maiores latifundiários da história! Dêem uma lida no texto "O Brasil não era dos índios", do Stephen Kanitz. Em vez de ficar com discurso maluco politicamente correto, ele criou o programa Wi-Fi Brasil, por meio do qual vários municípios, incluindo aldeias indígenas, estão tendo acesso à internet. Em seu plano de governo, ele pretende dar cobertura de 5G a todos os 5570 municípios do país. 

18

Aproveitando o gancho da internet nos municípios, falemos sobre as inúmeras obras conclusas no governo do Bolsonaro. O Ministro Tarcísio fez um trabalho espetacular. Ele ressuscitou a nossa malha ferroviária, pavimentou, duplicou e recuperou mais de seis mil quilômetros de rodovias. Quem tem o costume de viajar de carro pelo Brasil sabe como nossas rodovias sempre foram sofríveis – passei minha infância e minha adolescência fazendo viagens de carro pelo menos duas vezes por ano. 34 aeroportos foram privatizados – se você é contra a privatização, leia o livro "Privatize já", do Rodrigo Constantino. Em vez de financiar obras em ditaduras, o governo do Bolsonaro preocupou-se em investir no nosso país. Em vez de estádios superfaturados, o governo entregou mais de 4 mil obras incentivando o esporte em todo o país. É importante lembrar que quem terminou finalmente a transposição do Rio São Francisco foi o Bolsonaro, e não me venham dizer que ele só colocou a cereja no bolo para levar todo o mérito porque, em três anos, de 2019 a 2021, foram investidos 25% do total aplicado nas obras em 14 anos, desde 2008. Então, ele realmente empreendeu um esforço enorme para finalmente finalizar as obras. 

19

O governo Bolsonaro desburocratizou tudo que pôde desburocratizar. Ele pegou um governo que estava atrás do Chile, da Argentina e do Uruguai, em termos de modernização digital do governo, e entregará um país que foi destaque, na primeira edição do GovTech Maturity Index, estando atrás apenas de países como Coréia do Sul, Estônia, França, Dinamarca, Áustria e Reino Unido. O tempo médio para abrir uma empresa diminuiu. O período de validade da CNH aumentou, poupando nossos gastos e nosso tempo. Foram inúmeras medidas tomadas para facilitar a nossa vida, no dia a dia, e o plano de governo do Bolsonaro segue o mesmo tom quanto à desburocratização. Durante o governo do Bolsonaro, tivemos a criação do pix. Não pagamos absolutamente nada por ele! Embora o Banco Central tenha começado a planejá-lo antes deste governo, o Bolsonaro já falou em entrevistas (não consegui localizar os links) que não queriam que funcionasse de modo totalmente gratuito, e que ele insistiu para que o fosse. As tentativas de desmerecer os méritos do governo no lançamento são patéticas, e o próprio TSE já decidiu que não é "fake news" o Bolsonaro afirmar que o pix foi criado por ele. Novamente, sei que brasileiro tem memória curta, mas você se lembram de medidas claras, nos governos anteriores, que simplificassem as nossas vidas em vez de complicá-las?

20

Assim como o Bolsonaro tem uma perspectiva correta sobre os indígenas, ele também tem uma correta perspectiva sobre o meio ambiente. Todo esse discurso ambientalista catastrófico está relacionado ao movimento globalista – leiam o livro do Pascal Bernardin que indiquei em 2018 sobre o assunto, intitulado "O Império Ecológico, ou A subversão da ecologia pelo globalismo". É óbvio que ninguém quer destruir o meio ambiente – por sinal, as medidas apresentadas para preservar os nossos biomas no programa de governo do Bolsonaro são excelentes, enquanto o plano de governo do Lula é bastante genérico, sem ações concretas para a preservação do meio ambiente –, mas é preciso, estar atento para o que está em jogo em todas essas narrativas. Em todas as vezes em que teve oportunidade de falar sobre a Amazônia, no exterior, o Bolsonaro reiterou que o território é nosso e que países estrangeiros não devem ter ingerência sobre ele. O Ministro Ricardo Salles fez um excelente trabalho no Ministério do Meio Ambiente, e o governo do Bolsonaro foi um forte opositor ao Globalismo (leiam os livros do Alexandre Costa sobre o tema).

21

O Paulo Guedes, definitivamente, é um dos maiores economistas que já tivemos. O que ele conseguiu fazer, em meio a uma pandemia e a uma guerra, foi milagroso. Os números que o Adolfo Sachsida – sigam-no nas suas redes sociais –, que foi Secretário de Política Econômica e Chefe da Assessoria Especial de Assuntos Estratégicos do Ministério da Economia, mas que agora é Ministro de Minas e Energia, apresenta são incríveis. Todos os números que o governo Bolsonaro apresentou na economia superaram sistematicamente as expectativas do Mercado. Enquanto a inflação sobe no resto do mundo, no Brasil, ela cai, tornando o país um porto seguro para investimentos. Nos últimos 12 meses, o Brasil criou mais empregos do que os Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido juntos! Entre os países do G-7 (Estados Unidos, Alemanha, França, Canadá, Itália, Japão, Reino Unido), os mais ricos do mundo, entre 2020 e 2022, só os Estados Unidos tiveram um crescimento do PIB maior do que o nosso!

22

"se meu povo, que leva meu Nome, se humilhar, orar, me procurar e abandonar sua má conduta, eu o escutarei do céu, perdoarei seus pecados e curarei sua terra" (2 Cr. 7.14).

Digam o que quiserem do Bolsonaro, mas ele é um homem temente a Deus, por mais católico de IBGE que seja. Diferentemente dos outros candidatos, que freqüentam igrejas apenas em período eleitoral, ele as freqüenta ao longo do ano inteiro. Nunca vimos um governo em que não fosse vergonhoso falar de Deus e em que se fale tanto dEle. Eu nunca vou esquecer-me de quando, no dia depois da publicação da Política Nacional de Alfabetização (PNA), o Carlos Nadalim reuniu a Secretaria para orarmos em gratidão a Deus, depois de tantas lutas para efetivá-la. Havia católicos e evangélicos ali. O Nadalim pediu para um colega nosso evangélico fazer uma oração, e depois rezamos o Pai Nosso. 

Vivemos em um país majoritariamente cristão, onde os ocupantes de todos os cargos nunca falavam de Deus. Nosso país pode ser laico, mas não é laicista. As pessoas que ocupam os cargos públicos podem e devem manifestar a sua religiosidade. 

Nas manifestações do último dia 7 de setembro, um dos momentos mais bonitos foi quando todos rezamos o Pai Nosso. 

Quero viver em uma nação que tenha um representante que coloque o seu governo nas mãos de Deus. 

Para terminar, aproveitando a passagem bíblica com que abri este item, deixo-lhes a bela canção "Se o meu povo orar", composta pelo James (Jimmy) Lloyd Owens, cantada pelo coral do qual meus pais participam. Oremos e jejuemos até o próximo domingo: o nosso voto será determinante para o futuro do nosso país. Não nos esqueçamos nunca de que "[...] nossa luta não é contra o sangue e a carne, mas contra os principados, as potestades, os dominadores deste mundo tenebroso, os espíritos malignos espalhados pelo espaço" (Ef. 6.12).


segunda-feira, 25 de abril de 2022

"Unigenitus" (1713) vs. estudo pessoal da Bíblia? (Dave Armstrong)

 + Outras supostas proclamações católicas "antibíblicas" e analogias ao "dogmatismo" calvinista no Sínodo de Dort


Um blogue protestante anticatólico chamado "Evangelical Miscellanies" produziu um longo artigo intitulado "A Bíblia foi proibida pela Igreja Romana?" (5-10-2021). 
No presente texto, lidarei com a porção (em azul abaixo) que tem a ver com a "Unigenitus": a Constituição Apostólica de 1713 emitida pelo Papa Clemente XI. Vejam também minhas réplicas anteriores a esse artigo:





Papa Clemente XI (1713 d.C.):

"Unigenitus", 8 de setembro de 1713, "Erros jansenistas de Pasquier Quesnel":

79. É útil e necessário em todo tempo, em todo lugar e a toda espécie de pessoa, estudar e conhecer o espírito, a piedade e os mistérios da Sagrada Escritura. – 1Cor 14,5.

80. A leitura da Sagrada Escritura é para todos. – At 8,28.

81. A santa obscuridade da palavra de Deus não é para os leigos um motivo para dispensar-se de sua leitura. – At 8,31.

82. O dia do Senhor deve ser santificado pelos cristãos com leituras piedosas, sobretudo das sagradas Escrituras. É condenável querer tirar o cristão desta leitura. – At 15,21.

83. É um engano persuadir-se que o conhecimento dos mistérios da religião não deva ser comunicado às mulheres mediante a leitura dos livros sagrados. Não da simplicidade das mulheres, mas da soberba ciência dos varões surgiu o abuso das Escrituras e nasceram as heresias. – Jo 4,26.

84. Afastar das mãos dos cristãos o Novo Testamento, ou então conservá-lo fechado, privando-os do modo de compreendê-lo, é fechar para eles a boca de Cristo. – Mt 5,2.

85. Proibir aos cristãos a leitura da Sagrada Escritura, de modo particular do Evangelho, é proibir o uso da luz aos filhos da luz e fazer como se sofressem uma espécie de excomunhão. – Lc 11,33

[Censura:] [...] Nós declaramos, condenamos e rejeitamos … as proposições antes insertas, respectivamente como falsas, fraudulentas, malsoantes, ofensivas aos ouvidos piedosos, escandalosas, perniciosas, temerárias, ofensivas para a Igreja e para a sua atuação, ultrajosas não só para a Igreja mas também para com os poderes seculares, sediciosas, ímpias, blasfemas, suspeitas de heresia e com sabor
de heresia, e ainda aptas a favorecer os hereges, as heresias e também o cisma; errôneas, próximas à
heresia, repetidamente condenadas e, finalmente, heréticas, renovando de modo manifesto as diversas
heresias e especialmente aquelas que estão contidas nas famosas proposições de Jansênio, entendidas no sentido mesmo em que foram condenadas [...]

Inocêncio XIII (1721-1724); Bento XIII (1724-1730); Clemente XII (1730-1740)

(DENZINGER, Heinrich. Compêndio dos símbolos, definições e declarações de fé e moral. São Paulo: Loyola, 2007. p. 532)

O apologista católico Jimmy Akin fez uma análise maravilhosa dessa Bula, no que diz respeito à Biblia, em 2012:
A coisa importante a ser compreendida aqui é que a "Unigenitus" enquadra-se em um gênero de documentos papais que lista e condena várias proposições propostas por um autor ou autores particulares. Esse tipo de documento lista um monte de proposições, tipicamente extraídas da obra de um único autor, depois emite uma condenação de um tipo ou de outro como uma advertência ao fiel [...]

No entanto, nem todas as proposições são problemáticas do mesmo modo; então, você tem de observar as condenações específicas que lhes são aplicadas. 

Cada proposição condenada na "Unigenitus" é abarcada por ao menos uma dessas censuras. Pode ser abarcada por mais de uma, mas é-o por ao menos uma. Algumas são falsas. Algumas são sediciosas. Algumas são malsoantes. Algumas são ofensivas a ouvidos piedosos. Algumas podem ser falsas e sediciosas. Etc.

Contudo, exceto por proposições condenadas anteriormente sobre o Jansenismo, o documento não intenta dizer quais censuras são aplicadas a quais preposições [...]

As [...] censuras nem mesmo significam que a proposição seja falsa. Elas meramente significam que a proposição é ao menos suspeita (soa mal), ao menos foi mal formulada (ofensiva a ouvidos piedosos), ou ao menos não foi aprovada e é potencialmente perigosa (imprudente).

Sem analisarmos cada censura individualmente em detalhes, é claro que muitas delas são bastante limitadas em seu significado e que não implicam que uma proposição seja totalmente falsa – apenas que há algo problemático com ela. Pode até expressar uma verdade parcial, mas fazê-lo de modo mal formulado ou digno de uma advertência aos fiéis [...]
79. É útil e necessário em todo tempo, em todo lugar e a toda espécie de pessoa, estudar e conhecer o espírito, a piedade e os mistérios da Sagrada Escritura. – 1Cor 14,5.
A palavra mais problemática que Quesnel põe nessa proposição é "necessário". Realmente é necesários, em todo tempo, em todo lugar, que cada pessoa estude os mistérios da Sagrada Escritura? [...]

Problemas similares replicam-se se nos focarmos na palavra "útil". Realmente é útil em todo tempo, em todo lugar, para todo tipo de pessoa? E aqueles que não estão preparados para isso?

Parece-me, desse modo, que provavelmente a preocupação com essa proposição é – como o leitor pode ver – a de que "estamos preocupados com pessoas lendo as Escrituras e chegando a conclusões equivocadas sem uma preparação apropriada".

Não parece ser "rejeitamos a idéia do estudo individual da Escritura, uma vez que não é clara". Se uma pessoa tem uma preparação adequada (tem uma base apropriada na fé da Igreja, não inferirá conclusões heréticas da sua leitura, está bem informada dos métodos de interpretação da Escritura etc.); então, o que haveria de errado em estudar a Escritura por conta própria? Certamente, a rejeição da proposição como problemática de alguma maneira não implica tal conclusão – uma conclusão que a Igreja nunca sustentou.
80. A leitura da Sagrada Escritura é para todos. – At 8,28.
Isso parece ser censurável pelas mesmas bases da proposição anterior. Novamente: o que dizer daqueles que não estão preparados para um estudo individual da Escritura?
81. A santa obscuridade da palavra de Deus não é para os leigos um motivo para dispensar-se de sua leitura. – At 8,31.
A rejeição dessa afirmação parece ter por intenção proteger os fiéis de terem de arcar com o ônus de estudar as Escrituras por conta própria a despeito da falta de clareza que Deus desejou que tivessem. Em outras palavras, não há problemas em uma pessoa dizer: "Pela Providência Divina, as Escrituras não são tão claras quanto eu precisaria que fossem para estudá-las por conta própria. Estou na posição do eunuco etíope, que não consegue discernir pontos importantes das Escrituras, por conta própria, sem guiamento. O fato de que as Escrituras contenham esse nível de mistério é uma razão para que não as estude sem orientação".
82. O dia do Senhor deve ser santificado pelos cristãos com leituras piedosas, sobretudo das sagradas Escrituras. É condenável querer tirar o cristão desta leitura. – At 15,21.
A rejeição dessa afirmação parece ter a mesma motivação da anterior. Parece pretender proteger os cristãos da idéia de que seria "prejudicial" se sentissem a necessidade de dizer: "Não estou preparado para estudar as Escrituras sem orientação aos domingos; portanto, desejo desistir de fazê-lo. Ficarei ouvindo as leituras na Igreja e as explicações que me são fornecidas pelos pastores da Igreja e por outras pessoas qualificadas a fazê-lo".
83. É um engano persuadir-se que o conhecimento dos mistérios da religião não deva ser comunicado às mulheres mediante a leitura dos livros sagrados. Não da simplicidade das mulheres, mas da soberba ciência dos varões surgiu o abuso das Escrituras e nasceram as heresias. – Jo 4,26.
Parece haver a preocupação de proteger os direitos de as mulheres oferecerem as mesmas objeções discutidas quanto às duas proposições anteriores. 
84. Afastar das mãos dos cristãos o Novo Testamento, ou então conservá-lo fechado, privando-os do modo de compreendê-lo, é fechar para eles a boca de Cristo. – Mt 5,2.
Anteriormente, fizemos referência à censura de algumas proposições como "sediciosas". Esse termo dignifica, grosso modo, faltante com a caridade. Em outras palavras, injusto com aqueles que você critica por meio de uma atitude rancorosa e culposa. Em outras palavras, ser hipercrítico e hostil.

Eu poderia, facilmente, ver essa proposição como sendo sediciosa.

Ela caracteriza a Igreja como se ela estivesse tirando o Novo Testamento das mãos dos cristãos.
85. Proibir aos cristãos a leitura da Sagrada Escritura, de modo particular do Evangelho, é proibir o uso da luz aos filhos da luz e fazer como se sofressem uma espécie de excomunhão. – Lc 11,33
Essa também me parece ser sediciosa [...]

A formulação geral é hostil, contenciosa e parece, novamente, sugerir que a Igreja não endossa o estudo universal das Escrituras e sem guiamento sob a pior perspectiva possível. 

No entanto, há boas razões para não endossar o estudo universal e sem orientação das Escrituras. Algumas pessoas simplesmente não estão preparadas para isso. 

Posso, desse modo, ver como essa proposição seria classificada como sediciosa, malsoante, ofensiva a ouvidos piedosos e outras coisas similares [...]

Parece-me também que elas [as proposições acima] não se somam a uma rejeição do estudo individual da Escritura àqueles que estejam apropriadamente preparados para isso. Elas meramente rejeitam a idéia de que o estudo da Escritura sem orientação poderia ser universalmente adotado por todos os cristãos, a despeito do seu nível de preparo, e de que os cristãos teriam alguma culpa se não se sentissem preparados para realizar essa tarefa e contentassem-se em aprender as Escrituras sob orientação eclesiástica. 
Todo o seu artigo é uma mina de ouro de informação e é leitura obrigatória a qualquer um que busca uma compreensão católica ortodoxa desse documento papal.

O artigo "A Bíblia foi proibida pela Igreja Romana?" passa a listar outros decretos supostamente "antibíblicos" da Igreja Católica. Os mesmos erros com os quais já lidei neste e nos meus três artigos anteriores continuam sendo o falso princípio orientador da interpretação desses documentos. O principal deles é a incapacidade contínua (ou falta de vontade) em distinguir entre a Bíblia e traduções da Bíblia sem autorização, assim como a negligência do elemento necessário da interpretação autoritativa em conformidade com os ensinamentos da Igreja desde o início.

Como resultado (entre outras coisas) de uma interpretação bíblica totalmente sem orientação e de uma mentalidade de "Somente a Escritura" (à parte da ortodoxia doutrinal recebida), muitas denominações heréticas surgiram nos séculos XIX e XX, ensinando muitas doutrinas grosseiras (incluindo, especialmente, a negação da Santíssima Trindade e da deidade/divindade de Cristo), contra as quais nossos irmãos protestantes unem-se a nós na sua vigorosa condenação:
Testemunhas de Jeová: 1870

Mormonismo: 1820

Ciência cristã: 1875

The Way International: 1942

Cristadelfianos: 1848
Portanto, outros decretos católicos listados no artigo tomam nota desses fatores perigosos repetidamente (e estou citando apenas o que o próprio artigo crítico providenciou-nos):

Ubi Primum: a encíclica do Papa Leão XII (1824) criticou as sociedades bíblicas que se caracterizam por "rejeitar as tradições dos Santo Padres" e versões da Bíblia que são "mal traduzidas": levando a "interpretações distorcidas do Evangelho de Cristo" e a um "evangelho de homens", ou mesmo "do Diabo". O documento não se opunha totalmente às traduções vernaculares. Em vez disso, o que se condenava era que tais traduções fossem feitas "por atacado e sem distinção" e que, "por causa da temeridade humana, causariam mais mal do que bem".

Traditi Humilitati: a encíclica do Papa Pio VIII (1829) advertiu não sobre todas as Bíblias e sobre toda leitura da Bíblia, mas especificamente sobre "aqueles que publicam a Bíblia com novas interpretações contrárias às leis da Igreja", que "habilmente distorcem o significado por meio da sua própria interpretação". Citando Trento, ela recomenda que "traduções da Bíblia ao vernáculo" não fossem "permitidas sem a aprovação da Sé Apostólica" e exigia ainda que fossem "publicadas com comentários dos Padres".

Isso permitiu que a ortodoxia recebida fosse o fator orientador da interpretação bíblica apropriada. Provérbios 22.28 expressou a mesma noção: "Não removas os marcos antigos que teus antepassados fixaram" (CNBB) [1]. O Papa Pio VIII estava justamente preocupado com a sorte de homem que "pode torcer as Sagradas Escrituras para sua própria opinião ou para sustentar uma opinião contrária à Igreja ou aos Papa" e que iria "pôr em perigo os ensinamentos sagrados".

De forma semelhante, a "Inter Praecipuas", a encíclica do Papa Gregório XVI (1844) foi crítica quanto às "sociedades bíblicas" na medida em que convidava "todos a ler" a Sagrada Escritura "sem orientação". Ele cita São Jerônimo, que reclamou que isso tornava a interpretação da Bíblia "comum a velhas balbuciantes e velhos loucos e sofistas verborrágicos". Como esperado, o documento condena aqueles que "ousariam explicar e interpretar os escritos divinos contrariamente à tradição dos Padres e à interpretação da Igreja Católica".

É claro que os calvinistas fizeram (e fazem) exatamente a mesma coisa. Eles nunca permitiriam um ensino público (supostamente ou realmente apoiado na Bíblia) que fosse contrário às suas cinco doutrinas distintivas da "TULIP" (depravação total/ eleição incondicional/ expiação limitada/ graça irresistível/ perseverança dos santos). Os calvinistas até tinham os seus próprios concílios e uma espécie de "excomunhão": o principal deles foi o Sínodo de Dort em 1618-1619. Os seu cânones quase em nada diferem (em seu "dogmatismo") dos decretos tridentinos papais, condenando dezenas de crenças de colegas protestantes (arminianos) que diferem do calvinismo em suas inovações e tradições humanas (ambos os lados, é claro, apelando para as Escrituras com respeito a todas as suas crenças). Desses cânones, conclui-se:
"Esta é a declaração clara, simples, e sincera da doutrina ortodoxa com respeito aos Cinco Artigos de Fé disputados na Holanda; e esta é a rejeição dos erros pelos quais as Igrejas têm sido perturbadas, por algum tempo. O Sínodo de Dort julga a presente declaração e as rejeições serem tiradas da Palavra de Deus e conforme as Confissões das Igrejas Reformadas. Assim torna-se evidente que alguns agiram muito impropriamente e contrário à toda verdade, equidade e amor, desejando persuadir o povo do seguinte:

- A doutrina das Igrejas Reformadas com relação à predestinação e assuntos relacionados com ela, por seu caráter e tendência, desvia os corações dos homens da verdadeira religião.

- Ela é um ópio do diabo para a carne, bem como uma fortaleza para Satanás, onde permanece à espera por todos, fere multidões atingindo mortalmente a muitos com os dardos tanto de desespero quanto de falsa segurança.

- Faz de Deus o autor injusto do pecado, um tirano e hipócrita; é nada mais do que um renovado Estoicismo, Maniqueísmo, Libertinismo e Islamismo.

- Conduz a um pecaminoso descuido porque faz as pessoas crer que nada pode impedir a salvação dos eleitos, não importando como vivam, e que portanto podem, tranqüilamente, cometer os crimes mais horríveis. Por outro lado, se os reprovados tivessem produzido todas as obras dos santos, isto não poderia nem ao menos contribuir para a salvação deles.

- A mesma doutrina ensina que Deus tem predestinado e criado a maior parte da humanidade para a condenação eterna só por um ato arbitrário de sua vontade sem levar em conta qualquer pecado.

- Da mesma maneira pela qual a eleição é a fonte e a causa da fé e boas obras, a reprovação é a causa da incredulidade e impiedade.

- Muitos filhos inocentes de pais crentes são arrancados do seio de suas mães e, tiranicamente lançados no inferno, de tal modo que nem o sangue de Cristo, nem o batismo nem as orações da Igreja no ato do batismo lhes podem ser proveitosos.

Há muitas outras coisas semelhantes que as Igrejas Reformadas não apenas não confessam mas também repelem de todo coração.

Portanto, este Sínodo de Dort conclama em nome do Senhor a todos os que piedosamente invocam o nosso Salvador Jesus Cristo, que não julguem a fé das Igrejas Reformadas a partir das calúnias juntadas daqui e dali, nem tão pouco a partir de declarações pessoais de alguns professores, modernos ou antigos, que muitas vezes são citadas em má fé, distorcidas e explicadas de forma oposta ao seu sentido real.

Mas deve-se julgar a fé das Igrejas Reformadas pelas Confissões públicas destas Igrejas, e pela presente declaração da ortodoxa doutrina, confirmada pelo consenso unânime de cada um dos membros de todo o Sínodo.

Além do mais, o Sínodo adverte os caluniosos para que considerem o severo julgamento de Deus à espera deles, por falar falso testemunho contra tantas igrejas e contra as Confissões delas, e por conturbar as consciências dos fracos e por tentar colocar em suspeito, aos olhos de muitos, a comunidade dos verdadeiros crentes." [2]
Agora, como isso, com muito menos pedigree histórico e apoio patrístico, difere do que a Igreja Católica tem feito? Eles declaram que a Bíblia ensina certas coisas e que todos os bons cristãos (i.e., calvinistas) devem obedecer a essa interpretação deles, determinada pelas confissões e credos "reformados" autoritativos e inquestionáveis.

Aqueles que não o fazem, em franca discordância, são condenados e considerados como estando fora do redil, sustentando falsas opiniões teológicas que são perigosas para as almas. É tudo a mesma coisa, mas os anticatólicos calvinistas condenam os católicos quando o fazem, mesmo quando fazem exatamente a mesma coisa a partir da sua própria perspectiva denominacional. Dois pesos e duas medidas"

O mesmo Sínodo de Dort também aprovou uma "tradução oficial da Bíblia holandesa (a "Statenvertaling", i.e. a Tradução dos Estados ou a Versão Holandesa Autorizada) das línguas originais que seria conclusa em 1637, que "continuaria sendo a tradução padrão nas igrejas protestantes por mais de três séculos" [Wikipedia, "Synod of Dort"]. Isso é bastante similar ao "status" da versão autorizada da King James (1611) no protestantismo inglês. Ela até utilizou o mesmo manuscrito do Novo Testamento (hoje ultrapassado) "Textus Receptus".

Novamente, em que medida isso diferiria dos católicos quanto à crença de que há uma tradução católica "autorizada" (por muitos anos, a Vulgata latina traduzida por São Jerônimo) e de que deveria haver advertências contra aquelas que divergissem dela? Não há divergência fundamental ou essencial aqui quanto aos princípios. Eles são exatamente os mesmos. Ambas as partes foram "pró-Bíblia", mas "anti-Bíblias não autorizadas".

A Igreja Católica (como os calvinistas) crê que existe algo como uma "ortodoxia" e que uma tradição sagrada cristã foi recebida e passada adiante pelos Apóstolos (e que isso é inseparável da exegese e interpretação bíblicas). A partir dessa crença, o Papa Leão XIII escreveu na "Providentissimus Deus" (1893):
"Deus entregou as Sagradas Escrituras à Igreja, e, ao ler e ao fazer uso da Sua Palavra, deve-se seguir a Igreja como guia e mestra. Santo Irineu há muito estabeleceu que onde estivesse o 'charismata' de Deus estaria a verdade a ser aprendida e que a Sagrada Escritura foi interpretada com segurança por aqueles que detiveram a Sucessão Apostólica. O seu ensinamento, e aquele de outros Pais da Igreja, é retomado pelo Concílio Vaticano, no qual, renovando-se o decreto de Trento, declara-se que o seu "espírito" é este: que, 'em matéria de fé e moral, pertencente ao edifício da fé cristã, deve ser respeitado o verdadeiro sentido da Sagrada Escritura que foi e é resguardado pela Santa Mãe, a Igreja, cuja posição é a de julgar o verdadeiro sentido e a interpretação das Escrituras; portanto, a ninguém é permitido interpretar a Sagrada Escritura contra tal sentido ou contra o consenso unânime dos Padres". Por meio desse sábio decreto, a Igreja, de modo algum, impede ou restringe a busca da ciência bíblica, mas protege-a do erro e, em larga medida, auxilia-a em seu real progresso. Um amplo campo ainda está em aberto para o estudante privado, no qual sua habilidade hermenêutica pode mostrar-se efetivamente e em benefício da Igreja.

Observando-se que o mesmo Deus é autor tanto dos Livros Sagrados como da doutrina confiada à Igreja, claramente é impossível que cada ensino possa, por meios legítimos, ser extraído dos primeiros com qualquer variação com respeito à última. Por conseguinte, segue-se que toda interpretação é tola e falsa se faz os escritores sagrados discordarem uns dos outros ou se se opõe à doutrina da Igreja. O professor da Sagrada Escritura, portanto, entre outras recomendações, deve estar bem informado de todo o âmbito da Teologia e ler profundamente os comentários dos Santos Padres e dos Doutores, e outros intérpretes de renome. Isso é posto por São Jerônimo, e ainda mais freqüentemente por Santo Agostinho, que se queixa com razão: "Se não há nenhum ramo de ensino, por mais humilde e fácil de aprender, que não requeira um mestre, que maior sinal de temeridade e de orgulho poderia haver do que a recusa em estudar os livros dos mistérios divinos com a ajuda daqueles que os interpretam? [...] Os Pais da Igreja, dizemos, são de suprema autoridade, sempre que todos eles interpretam de uma e da mesma maneira qualquer texto da Bíblia como pertencente à doutrina da fé ou da moral, pois sua unanimidade evidencia claramente que tal interpretação proveio dos Apóstolos como matéria de fé católica. A opinião dos Pais é também do mais alto peso quando tratam dessas matérias na sua capacidade de Doutores, de modo não oficial; não apenas porque sejam excelsos em seu conhecimento da doutrina revelada e no seu conhecimento de muitas coisas que são úteis na compreensão dos Livros apostólicos, mas porque são homens de eminente santidade e de zelo ardente pela verdade, a quem Deus concedeu a mais ampla medida da Sua luz. Portanto, o expositor tem o dever de seguir os seus passos com toda a reverência e gozar do seu labor com apreciação inteligente (seção 14).
Mas voltemos ao artigo calvinista em questão. Ao citar a "Inter Praecipuas" (Papa Gregório XVI, 1844), o autor teve o cuidado de citar apenas coisas que, à primeira vista, parecem dar suporte à sua agenda em mostrar que a Igreja Católica é supostamente contra a Bíblia em si mesma. Então, ele cita as seções 1, 4, 11 e 12 das 16 seções. É a metodologia anticatólica consagrada de citação seletiva, fora de contexto, com a intenção de deixar uma impressão particular enganosa nos leitores (predominantemente do tipo que estão ávidos e dispostos a engolir qualquer tipo de calúnia "vulgar" contra a Igreja Católica)

É verdade que não se pode citar tudo o tempo todo; no entanto, ainda assim é preciso precaver-se contra uma apresentação incompleta ou imprecisa. Eis por que os juramentos que as testemunhas fazem na corte incluem a disposição em dizer "toda a verdade". Aqui estão, por conseguinte, algumas das poções que foram deliberadamente omitidas no artigo que estou criticando:
2 – Mas não desconheceis, veneráveis irmãos, para o que apontam os esforços das mencionadas sociedades. Afinal, sabeis bem como nas Escrituras mesmas o primeiro dos apóstolos, louvando as cartas de s. Paulo, nos admoesta que nelas “existem algumas coisas difíceis de compreender, e os ignorantes e instáveis distorcem-nas, à semelhança de outras Escrituras, para sua própria condenação”; e logo acrescenta: “Vós, então, tendo sido advertidos, ficai atentos para não serdes enganados na vossa firmeza” (2 Pd 3,16-17). Vede, então, que desde o início do cristianismo essa foi a estratégia dos heréticos: repudiada a Palavra de Deus, tal como resulta da tradição, e recusada a autoridade da Igreja católica, passam a interpolar “com manipulações” as Sagradas Escrituras ou a alterar “o sentido na exposição” (2). Não ignorais, enfim, quanta diligência ou sabedoria é preciso para traduzir fielmente em outra língua as palavras do Senhor. De tal modo que, nada é mais fácil do que a multiplicação desses gravíssimos erros, quer nas versões preparadas pelas sociedades bíblicas, quer por fraude ou por ignorância de tantos intérpretes. Estes são longamente ocultados da mesma quantidade e variedade daquelas, para dano de muitos. Mas pouco importa às mencionadas sociedades quais erros assimilam os leitores de tais versões, contanto que pouco a pouco se acostumem a julgar audazmente do sentido da Escritura, a desprezar as tradições divinas custodiadas diligentemente pela Igreja católica segundo a doutrina dos Padres, e a repudiar o magistério da Igreja mesma.

3 – Por isso os associados bíblicos mencionados não cessam de caluniar a Igreja e a esta santa sé de Pedro, como se fosse aquela que, há muitos éculos, viesse se esforçando por impedir ao povo fiel o conhecimento da Sagrada Escritura. Ao contrário, em inúmeros e claríssimos documentos é comprovado o empenho com o qual, também em tempos mais recentes, os sumos pontífices e, sob sua guia, os outros prelados católicos procuram instruir os povos na palavra de Deus conservada na Escritura e na tradição. Principalmente o concílio de Trento não só recomendou aos bispos que anunciassem freqüentemente nas dioceses “as sagradas Escrituras e a lei de Deus” (3), mas, ampliando a instrução do concílio Lateranense [IV] (4), providenciou que em cada Igreja, ou catedral ou colegiada, das cidades e centros mais insignes não faltasse uma prebenda teologal, a ser confiada a pessoas asseguradamente idôneas na exposição e interpretação da Sagrada Escritura (5). Quanto ao estabelecer a prebenda teologal – em conformidade com aquele decreto tridentino, e das aulas, que o cônego teólogo deveria ministrar publicamente ao clero e também ao povo, tratou-se depois em muitos sínodos provinciais (6), e no concílio de 1725 (7), realizado em Roma, para o qual Bento XIII, nosso predecessor de feliz memória, além dos pastores da província romana, tinha convocado também muitos arcebispos, bispos e outros ordinários imediatamente sujeitos a esta Santa Sé (8). Além disso, o mesmo sumo pontífice estabeleceu, para igual fim, muitas coisas com cartas apostólicas, especificamente para a Itália e ilhas vizinhas (9). Enfim, veneráveis irmãos, as respostas dadas mais vezes pela nossa Congregação do Concílio a vós próprios e aos vossos predecessores, a respeito das relações que já estão acostumados a fazer de cada diocese à Sé Apostólica (10), devem ter-lhes demonstrado claramente como ela costuma congratular-se com os bispos se junto a eles os prebendados teólogos preenchem bem o ofício de ler publicamente as Sagradas Escrituras e como não deixa nunca de encorajar e ajudar nos seus cuidados pastorais, se nisso não obtiveram o sucesso esperado.
A seguir, nosso artigo cita a "Qui Pluribus" (1846), uma encíclica do Papa Pio IX. Ela condena não todas as versões vernaculares da Bíblia (versões aprovadas que a Igreja sancionou por muitos séculos), mas aquelas de natureza particular:

[...] traduções vernáculas, que infringem as normas sagradas da Igreja. Os comentários que estão inclusos freqüentemente contêm explicações perversas; então, rejeitando a divina tradição, a doutrina dos Pais e a autoridade da Igreja Católica, interpretam as palavras de Deus por meio do seu próprio julgamento privado, pervertendo desse modo o seu significado. Como resultado, caem em enormes erros.

Nosso artigo, infelizmente, cita apenas duas seções (13 e 14) de 37. Aqui estão outras porções dele:
10.

11.

15.

21.

24.

25.

Em seguida, o artigo cita a "Nostis et Nobiscum" (1849), outra encíclica do Papa Pio IX. Ela se opõe a "jornais e panfletos impiedosos que estão repletos de mentiras, calúnias e seduções", assim como traduções vernáculas que "infringem as normas da Igreja" e portanto são "subvertidas e mais ousadamente distorcidas para produzir um significado vil".

Ela relembra aos leitores que "nenhum homem, confiando em sua própria sabedoria, está apto a alegar o privilégio de grosseiramente distorcer as Escrituras para o seu próprio significado em oposição ao significado que a Santa Igreja Mãe mantém e manteve". Obviamente que (como todas as advertências e proclamações católicas acima) isso não é diferente daquilo que a própria Santa Escritura afirma sobre a sua própria autoridade, sobre a autoridade da Igreja (e.g., At. 16.4; 1 Tm. 3.15) e da Sagrada Tradição (e.g., Ts. 2.15; 3.6):
Judas 3
"[...] senti a necessidade de mandar-vos uma exortação a fim de lutardes pela fé, que foi transmitida aos santos, uma vez para sempre.

Atos 16.4
"Percorrendo as cidades, Paulo e Timóteo transmitiam as decisões que os apóstolos e anciãos de Jerusalém haviam tomado, e recomendavam que fossem observadas".

Romanos 16.17
"Rogo-vos, irmãos, que tomeis cuidado com os que provocam dissensões e escândalos, contrariando o ensinamento que aprendestes; afastai-vos deles".

Colossenses 2.6-8
"Assim como acolhestes o Cristo Jesus, o Senhor, assim continuai caminhando com ele. Continuai enraizados nele, edificados sobre ele, firmes na fé tal qual vos foi ensinada, transbordando em ação de graças. Que ninguém vos faça prisioneiros de filosofias e conversas sem fundamento, conforme tradições humanas, segundo os elementos do mundo e não segundo Cristo".

2 Tessalonicenses 2.15
"Portanto, irmãos, ficai firmes e guardai cuidadosamente as tradições que vos ensinamos, por nossa palavra ou por nossa carta".

2 Tessalonicenses 3.6
"Ordenamo-vos, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que eviteis todo irmão que proceda de modo desordenado e contrário à tradição que de nós recebestes".

1 Timóteo 2.4
"Ele quer que todos sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade".

1 Timoteo 3.15
"Caso, porém, eu demore, já estarás sabendo como deves proceder na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, coluna e fundamento da verdade".

2 Timóteo 3.5-8
"tendo a aparência da piedade, mas negando sua eficácia. Foge também dessa gente. Deles fazem parte os que entram pelas casas e levam cativas mulherinhas cheias de pecado e movidas por várias paixões, sempre aprendendo, sem nunca chegar ao conhecimento da verdade".

2 Timóteo 4.7
"Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé".

Tito 1.1
"Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo para levar os eleitos de Deus à fé e ao conhecimento da verdade conforme a piedade".

Tito 1.10-15
"De fato, existem muitos rebeldes, faladores fúteis e impostores, principalmente entre os da circuncisão. É preciso fechar-lhes a boca. Movidos por lucro vil, transtornam famílias inteiras, ensinando o que não convém. Um deles, seu próprio profeta, disse: 'Os cretenses são sempre mentirosos, animais ferozes, ventre preguiçosos'. Esse testemunho é verdadeiro. Então, repreende-os severamente, para que sejam sãos na fé e não dêem ouvidos às fábulas judaicas, nem a preceitos de pessoas que voltam as costas à verdade. Para os puros tudo é puro, mas para os impuros e incrédulos nada é puro; até o seu pensamento e sua consciência estão manchados".

2 João 1.9-11
"Todo aquele que se adianta e não permanece no ensinamento de Cristo, não tem a Deus. Aquele que permanece em seu ensinamento, esse tem o Pai e o Filho. Se alguém chega até vós e não traz esse ensinamento, não o recebais em casa, nem o cumprimenteis. Com efeito, quem o cumprimenta participa das suas obras más".
Em seguida, no bloco de cortes, está a "Officiorum ac Munerum" (1897), do Papa Leão XIII. Bíblias não católicas podem ser lidas e usadas "apenas por aqueles engajados em estudos teológicos e bíblicos, desde que os dogmas da fé católica não sejam impugnados nos prolegômenos ou nos comentários". O Papa Leão continua: "Todas as versões da Bíblia Sagrada, em qualquer língua vernacular, produzida por não católicos, estão proibidas [...] No entanto, essas versões são permitidas a estudantes de teologia ou de ciência bíblica, sob as condições mencionadas acima (No. 5)".

É o mesmo princípio de sempre. Sem dúvida, a Bíblia holandesa "oficial" (discutida acima) entre os calvinistas e a Bíblia de Lutero entre os luteranos alcançaram "status" semelhante, e outras "rivais" foram proibidas ou permitidas (se for o caso) apenas em circunstâncias limitadas. Mostrei em um texto anterior como a tradução católica do Novo Testamento feita pelo oponente de Martinho Lutero em debates foi imediatamente condenada por (proponente da total liberdade individual?) Lutero, que instou os territórios luteranos a censurarem-na e a proibirem-na. O mesmo princípio. As únicas diferenças são as Bíblias particulares aprovadas e condenadas. 

Outros textos produzidos pelo artigo expressam sentimentos similares àqueles já vistos repetidamente neste exame e em minhas três respostas anteriores. Já demonstrei, até o momento, que a análise é implacavelmente errônea e equivocada. Ele apenas continua repetindo os mesmos erros com base nas mesmas velhas premissas falsas: contrárias tanto à Bíblia quanto às práticas praticamente idênticas dos protestantes. 

É verdade, por outro lado, que, com o tempo, a Igreja Católica tornou-se muito mais aberta ao estudo da Bíblia, à sua leitura e até mesmo a traduções não católicas (com algumas advertências e estipulações). A ênfase tornou-se mais positiva do que "negativa" no sentido de que erros foram vigorosamente condenados a fim de proteger o rebanho católico. Era tempo de uma abordagem diferente.

Desse modo, nessa linha, temos as famosas encíclicas "Providentissimus Deus" (Papa Leão XIII: 1893) e "Divino afflante Spiritu" (Papa Pio XII: 1943) e muitos outros documentos similares da Igreja desde então, incluindo as maravilhosas reflexões do Vaticano II, os Papas Santos (João XXIII, Paulo VI, João Paulo II) e a excelente exegese bíblica do Papa Bento XVI.

Não que eu tenha alguma importância, mas o meu apostolado é um exemplo de um (entre muitos) que dá enorme ênfase à completa harmonia entre a doutrina católica e a Bíblia Sagrada. Meu primeiro livro foi "Uma defesa bíblica do Catolicismo" e meu blogue é chamado "Evidência Bíblica para o Catolicismo". Eu alego, em mais de 3.300 artigos no blogue e em 50 livros, que a doutrina católica é consistente e unicamente fundamentada e baseada na Bíblia e que é mais profundamente bíblica do que qualquer forma de doutrina protestante; além disso, que a regra de fé protestante, o "Sola Scriptura", é tanto não bíblico como totalmente falso e autodestrutivo.

Novamente (isso nunca é suficientemente enfatizado), tal visão não é contrária à Bíblia de modo algum. Ela se opõe ao entendimento incompleto de que somente a Escritura é uma autoridade infalível. A Igreja Católica ensina que a Igreja e a Sagrada Tradição também são infalíveis e estão sempre em harmonia com a Sagrada Escritura. Esse é o nosso tripé, recebido da própria Bíblia e que nos foi transmitido pelos Apóstolos e Pais da Igreja. 

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Crédito da foto: pedro_wroclaw (1-29-2021) [Pixabay / Pixabay License]

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Sumário: A "Unigenitus" (1713), do Papa Clemente XI, proíbe a leitura da Bíblia? Não. Também mostro como outros decretos católicos não são antibíblicos e que os calvinistas similarmente criticaram obras "errôneas".

[Tradução: Fábio Salgado de Carvalho; texto original: 

[1] Nota do tradutor (NT): o Dave Armstrong faz uso da RSV. Utilizamos a Tradução oficial da CNBB, 1ª edição de 2018.

[2] NT: tradução retirada do site Monergismo.