terça-feira, 27 de setembro de 2022

Como votarei nas eleições de 2022 (Minha colinha para 2022)

Há alguns anos, venho divulgando os candidatos que receberão o meu voto nas eleições. Em 2018, pela primeira vez, resolvi fazer essa divulgação neste blogue. 

Começarei do mesmo modo como iniciei o texto de 2018, falando das possibilidades de voto nulo e branco – inclusive, dêem uma olhada no que disse naquele ano.

Nenhum candidato é idêntico a nenhum outro candidato. Isso significa que, necessariamente, haverá pelo menos uma propriedade que um terá em detrimento ou favorecimento de outro ou dos outros. Os cargos não ficarão vagos a despeito de você decidir votar ou não. Alguém irá ocupá-los. Não faz, por conseguinte, o menor sentido abster-se de escolher um candidato para cada um dos cargos. Creio que aqueles que optam por essa possibilidade pecam por omissão, para não dizer algo mais grave sobre quem decide agir assim.

Neste ano, não irei alongar-me muito porque as circunstâncias são outras, como ficará claro ao longo do texto. 

O primeiro critério que tenho utilizado, desde 2014, é eliminatório: não votar em candidatos que pertençam a partidos do Foro de São Paulo [PDT (12); PCdoB (65); PCB (21); PT (13); Cidadania (23), antigo PPS]. O PSB (40) fazia parte do Foro, mas não está mais listado no site oficial. O PPL, que também fazia parte do Foro, foi extinto e incorporado ao PCdoB. Quanto ao Cidadania, é importante ressaltar que o site oficial do Foro ainda lista o Partido Popular Socialista (PPS), agora Cidadania, mas o Wikipedia relata que o partido não participa mais do Foro desde 2004. Por via das dúvidas, estou integrando o partido ao Foro.

Já era grave desconhecer o Foro de São Paulo nas eleições passadas; contudo, caso você ainda não tenha idéia do que ele vem a ser, sinto informá-lo de que está vivendo no mundo da lua. Indico o mesmo artigo que indiquei em 2018, do Felipe Moura Brasil, de quando ele ainda não tinha enlouquecido, e o livro lançado recentemente pela Vide Editorial compilando artigos do professor Olavo de Carvalho sobre o assunto.

Qualquer partido que esteja em federação com um desses partidos pertencentes ao Foro – para quem não sabe, não existem mais coligações desde a reforma eleitoral de 2021 – deve ser descartado. O PT (13), para o cargo de presidente, por exemplo, fez uma federação chamada "Coligação Brasil da Esperança" que une os partidos PCdoB (65), PV (43), SOLIDARIEDADE (77), PSOL (50), REDE (18), PSB (40), AGIR (36), AVANTE (70), PROS (90). Todos esses partidos devem ser evitados por estarem em federação com partidos do Foro de São Paulo; então, evitem-nos para todos os outros cargos. 

Os dois outros candidatos à presidência que montaram federações foram o Bolsonaro e a Simone Tebet. A Simone está na "Coligação Brasil para Todos", que juntou os partidos MDB (15), PSDB (45), Cidadania (23) e PODE (19). Vejam que o Cidadania, ligado ao Foro de São Paulo, está nessa coligação. Então, evitem votar em candidatos desses partidos. A federação do Bolsonaro, "Pelo bem do Brasil", juntou os partidos PP (11), REPUBLICANOS (10) e PL (22).

É importante, contudo, lembrar duas coisas. Primeiramente, os partidos são complexos. Eles são sensíveis aos diretórios regionais, de modo que um dado partido pode, em um determinado Estado, não ser tão ruim assim. O saudoso professor Olavo de Carvalho costumava dizer, com razão, que é mais fácil tomar um partido do que abrir um novo; então, pode haver alguma situação regional mais complexa que pode levar-nos a votar em um desses partidos, mas a regra é evitá-los. Vale lembrar também que as federações para a presidência não precisam repetir-se para os outros cargos. Os partidos podem fazer outros arranjos de acordos para outros cargos.

Segundamente, suponha que um candidato do PT e outro do PSB estejam disputando o governo de um Estado, como ocorre no Ceará – para ser preciso, no Ceará, há o Elmano de Freitas, do PT, e o Roberto Cláudio, que, embora seja do PDT, teve o seu partido em federação com o PSB. Suponhamos que os dois acabem indo para o segundo turno. Obviamente, a regra que temos adotado de não votar nesses partidos não valeria aqui. Teríamos de escolher o mal menor.

Dito isso, vamos para o cargo de presidente. 

PRESIDENTE

Em 2018, eu listei todos os candidatos à presidência e fui eliminando-os a partir dos seus partidos, mas não farei esse procedimento desta vez. Neste ano, temos 11 candidatos à presidência, mas todos estamos cansados de saber que a real disputa será entre o Bolsonaro e o Lula. Praticamente todas as pesquisas indicam três nomes nas primeiras colocações: Lula, Bolsonaro e Ciro. Lula e Ciro são de partidos do Foro de São Paulo. Seria absolutamente desastroso ter um governo com um dos dois na presidência. Os outros candidatos não costumam passar de 4% nas intenções de voto – sei que essas pesquisas são fajutas, mas elas pelo menos indicam tendências, embora possam não acertar o vencedor e as porcentagens precisas. Somente esse fato já seria mais do que suficiente para votar no Bolsonaro. 

Em 2018, eu listei 17 razões para votar no Bolsonaro, aproveitando o número do partido em que estava. Em princípio, tinha pensado em não fazer a mesma coisa neste ano, listando 22 razões para votar no Bolsonaro, mas mudei de idéia. O texto está neste blogue

GOVERNADOR

Inicialmente, havia 12 candidatos ao governo do Distrito Federal, mas o Parente, do PSB, renunciou, a candidatura do Renan Arruda, do PCO, foi indeferida com recurso e a do Paulo Octávio, do PSD, foi deferida com recurso. Levando em conta apenas os candidatos com candidatura deferida, com ou sem recurso, temos:

Coronel Moreno (PTB)

Ibaneis Rocha (MDB)
Partidos em federação: AVANTE; PROS; AGIR; PP; SOLIDARIEDADE; MDB; PL

Izalci (PSDB)
Partidos em federação: Cidadania; PRTB

Keka Bagno (PSOL)
Partidos em federação: REDE

Leandro Grass (PV)
Partidos em federação: PT; PCdoB; PV

Leila do Vôlei (PDT)

Lucas Salles (DC)

Robson (PSTU)

Teodoro da Cruz (PCB)

Paulo Octávio (PSD)
Partidos em federação: PODE; PATRIOTA; PSD; PSC; PMB

Vejam como as federações, regionalmente, são completamente diferentes daquelas feitas para a presidência. 

Para o governo do Distrito Federal, há um problema. Nas pesquisas, há a possibilidade de haver segundo turno entre o Ibaneis, que tenta a reeleição, e o Leandro Grass ou a Leila do Vôlei ou o Paulo Octávio. Creio que seria interessante um segundo turno entre o Ibaneis e o Paulo Octávio – a proposta de governo do Paulo Octávio de 55 metas é boa e chamou a minha atenção especialmente o projeto dele na área de cultura; no entanto, temo um segundo turno entre o Ibaneis e o Leandro ou a Leila porque os dois últimos são esquerdistas doentes. Tudo bem que o Ibaneis não é lá essas coisas – basta ver a proposta de governo dele cheia de esquerdismo e os próprios partidos que se juntaram a ele –, mas ele não chega perto do Leandro e da Leila. Não vejo ninguém em Brasília que seja totalmente simpático ao Ibaneis. Todos que conheço que votarão nele farão isso sem muita empolgação. Tenho receio de que essas pessoas acabem mudando de voto em um possível segundo turno, votando na Leila ou no Leandro. Algumas pesquisas indicam a possibilidade de o Ibaneis ser eleito no primeiro turno. 

Embora o Ibaneis seja do MDB e esteja em federação com partidos que estão apoiando o Lula para a presidência, curiosamente, o partido do Bolsonaro, o PL, e o partido que fez federação com o PL, o PP, estão em federação com o MDB para o governo. 

Pessoalmente, não achei o governo do Ibaneis lá essas coisas, mas pelo menos, durante a pandemia, ele não fez as loucuras que vimos em outros Estados. 

Meu voto será no Paulo Octávio, tendo em vista que o programa dele é sóbrio, sem nenhum tipo de esquerdismo, e que os partidos que estão do seu lado são infinitamente melhores do que aqueles que estão apoiando o Ibaneis. Vale ressaltar também que seria estratégico votar nele pensando em eliminar a possibilidade de que tenhamos um segundo turno do Ibaneis com o Leandro ou a Leila.  

SENADOR

Temos 9 candidatos ao Senado no DF com a candidatura deferida. É importante escolher os cargos para o Senado e para a Câmara a partir da escolha para a presidência. O Bolsonaro tem apoiado a Damares, do REPUBLICANOS, que está em federação com o União, e a Flávia Arruda, que é do seu partido, PL, que está em federação com os partidos MDB; PP; PL; PROS; AGIR; AVANTE. O voto para o cargo de senador é majoritário, não proporcional; então, o peso do partido ou da federação não é tão importante como no caso dos cargos de deputado. 

Nas pesquisas, a Flávia Arruda está na frente, seguida pela Damares. A Rosilene Corrêa, do PT, e o Joe Valle, do PDT, vêm depois da Damares, mas relativamente distantes. 

Semanas atrás, vi um vídeo da deputada distrital Júlia Lucy falando sobre como a Damares ajudou-a na autorização de compra de implantes subdérmicos. A Júlia insiste, há anos, em facilitar o acesso a métodos contraceptivos abortivos como, por exemplo, o DIU. Esses implantes subdérmicos têm o mesmo funcionamento de pílulas contraceptivas. A única coisa que muda é a forma de estímulo de produção hormonal: um é por via oral, outro, por via cutânea. Depois, a Damares gravou um vídeo convidando os eleitores a votarem na Júlia Lucy. Tentei, em vão, perguntar para a Damares se ela tinha conhecimento de que esses métodos são abortivos. Isso é bastante grave. Como alguém pode dizer, o tempo todo, ser defensora da vida, desde a concepção, ao mesmo tempo em que estimula e promove métodos contraceptivos abortivos?

Eu estava decidido a votar na Flávia Arruda por conta desse fato; contudo, ao ver um debate entre os quatro candidatos supracitados no Metrópoles, decidi votar, mesmo assim, na Damares por algumas razões.

Em primeiro lugar, ela claramente está com o Bolsonaro. Não se vê a mesma convicção na Flávia. Nos últimos anos, vimos a quantidade de políticos eleitos que traíram o presidente. Creio que é menos provável que a Damares faça algo assim, como uma Joice Hasselmann, um Alexandre Frota, uma Soraya Thronicke, uma professora Dayane Pimentel e tantos outros. Em segundo lugar, a Michelle Bolsonaro tem feito campanha aberta para a Damares. Creio que o Bolsonaro deve ter sido obrigado a não apoiar a Damares, em favorecimento da Flávia, por conta do seu partido, mesmo que o partido da Damares esteja em federação com o PL para o cargo de presidente. Em terceiro lugar, creio que a questão mais importante a considerar é que nós precisamos de pessoas capazes de enfrentar os ditadores de toga do STF. A Flávia é casada com um político de passado conturbado, a saber, o Arruda. Temo que a Flávia possa não ter a independência necessária para afrontar o STF quando for preciso. Eu acho, sinceramente, que a Damares simplesmente seja ignorante sobre os efeitos abortivos desses métodos. Na pior das hipóteses, supondo que ela realmente saiba o que esteja fazendo, o STF tem mais poder para promover o aborto no Brasil – não deveria ser assim por não ser prerrogativa do Supremo legislar, mas é a nossa triste realidade – do que a Damares sozinha como senadora. 

De qualquer modo, não faço idéia dos posicionamentos da Flávia Arruda sobre esses métodos particularmente. Creio que ela seja católica, mas infelizmente isso não diz muito sobre o brasileiro médio.

Sopesando tudo isso, irei votar na Damares.

DEPUTADO FEDERAL

Nas eleições passadas, eu votei na Bia Kicis. Não me arrependo do meu voto. Acho que ela fez um bom trabalho como deputada federal. Pensei na possibilidade de examinar outros candidatos para ver se encontrava alguém que poderia ser uma opção melhor, mas resolvi ficar com a Bia mesmo. O PL tem apenas nove candidatos com a candidatura deferida, com ou sem recurso, e não fez federação com nenhum partido. Dei uma examinada em todos os outros candidatos que podem ser eleitos, por meio do meu voto, consultando suas redes sociais e respectivas páginas, e achei razoável o quadro de candidatos do partido.

DEPUTADO DISTRITAL

Votarei no Fábio Gomes para deputado distrital. Pela primeira vez, desde que comecei a votar, desde 2002, votarei em alguém que realmente conheço e em quem realmente confio. O meu xará cresceu na mesma igreja batista em que cresci. Assim como eu, também é ex-protestante converso ao Catolicismo. Ele também freqüentou o centro do Opus Dei, o CEAC, aqui de Brasília. Trabalhamos na mesma Secretaria do MEC em 2019. O PRTB, pelo qual ele está candidatando-se, foi o partido com o qual o Bolsonaro fez coligação em 2018, por meio da candidatura do General Mourão. Estive no lançamento da pré-candidatura do Fábio, e a presidente do partido deixou muito claro que o principal objetivo deles era reeleger o Bolsonaro. Eles têm vinte candidatos ao cargo. Dei uma olhada geral nos perfis deles, mas infelizmente nem sempre foi possível ver muita coisa porque alguns simplesmente tinham praticamente nada nos seus perfis. Por desencargo de consciência, dei uma olhada no PL, no partido do Bolsonaro, que seria um partido alternativo, e eles têm 24 candidatos. Eu teria de vasculhar todos eles, com a desvantagem de que não conheceria ninguém pessoalmente. Além do mais, o Fábio não apenas é uma pessoa inteligente e confiável, que eu conheço há anos, mas também tem propostas muito boas. Infelizmente, não consegui acessar o material dele no seu site – já o avisei –; então, disponibilizei-o em um link para quem quiser conhecê-las. 

Minha cola para 2022, portanto, ficou assim:


Presidente
Jair Bolsonaro (22, PL)
Federação: Pelo bem do Brasil (PP; REPUBLICANOS)

Governador
Paulo Octávio (55, PSD)
Federação: DF para todos (PODE; PATRIOTA; PSC; PMB)

Senador
Damares Alves (100, REPUBLICANOS)
Federação: União por Brasília (União)

Deputado Federal
Bia Kicis (2222, PL)

Deputado Distrital
Fábio Gomes (28028, PRTB)


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