sábado, 29 de setembro de 2018

Como votarei nas eleições de 2018 (Minha colinha para 2018)


Presidente
Jair Bolsonaro (17, PSL)

Governador
General Paulo Chagas (44, PRP)

Senador
Fadi Faraj (444, PRP)

Izalci (456, PSDB)

Deputado Federal
Bia Kicis (4417, PRP)

Deputado Distrital
Winston (44044 ,PRP) 

Como votarei para a câmara legislativa do DF em 2018


A linha de raciocínio que usei para escolher um candidato para o cargo de deputado distrital foi a mesma que usei para o cargo de deputado federal. Confesso que não estou plenamente seguro do meu voto para este cargo como estou para os outros. São 981 candidatos no total e 24 coligações. São muitas possibilidades, mesmo com os critérios de eliminação que tenho usado.

O PRP, coligado ao PRTB, tem, no total, 45 candidatos. Para que eu pudesse dar um voto com total segurança sobre o que estou fazendo, eu teria de avaliar todos esses candidatos para saber quem poderia ser eleito com o meu voto mesmo que o candidato em quem votasse fosse efetivamente eleito — lembrem-se de que, como expliquei no meu texto sobre o meu voto para deputado federal, o voto proporcional funciona com o número de cadeiras que será disponibilizado a cada partido ou coligação.

Dei uma olhada em vários deles — infelizmente, não consegui conhecer bem a todos pesquisando pela internet — e, pelo menos, sei que meu voto não iria eleger alguém que, em princípio, não votaria contra meus valores.

Assim como o presidente dependerá do Congresso para governar, o governador dependerá da câmara legislativa; então, o fato de que eu tenha optado por votar no General Paulo Chagas deve nortear minha escolha para o cargo de deputado distrital.

A melhor opção que consegui encontrar, avaliando tudo o que já expus nas postagens sobre os outros cargos, foi o Winston.

Como votarei para a Câmara Federal no DF em 2018


Na eleição para cargos que são escolhidos por meio de eleições proporcionais, o partido do candidato, levando-se em conta a possível coligação que ele tenha feito, é o principal critério que tem de ser considerado. 

Na votação proporcional, o resultado final é calculado com base no quociente eleitoral e no quociente partidário. O quociente eleitoral é definido pela soma do número de votos válidos dividida pelo número de cadeiras em disputa. Os votos válidos, entretanto, são a soma dos votos de legenda com os votos nominais, excluindo-se os brancos e nulos, o que inclui os votos da coligação.

Se você, por exemplo, escolheu votar em fulano, que pertence ao partido X, coligado com Y e Z, supondo-se que a coligação entre X, Y e Z teve direito a 2 cadeiras, se o seu candidato não foi nem o primeiro e nem o segundo com mais votos, você terá elegido beltrano e sicrano.

Não basta, portanto, que o seu candidato seja um Santo impecável e que defenda exatamente os mesmos posicionamentos que os seus: o seu voto poderá ser responsável por eleger alguém que defenda exatamente o oposto que você se o devido cuidado não for tomado.

Em Brasília, nós temos 14 opções de partidos e coligações:

(01) Brasília acima de tudo (PRTB, PRP)
(02) Brasília de mãos limpas (PDT, REDE, PSB, PV, PCdoB)
(03) DC
(04) Elas por nós: sem medo de mudar o DF (PSOL, PCB)
(05) NOVO
(06) PCO
(07) PPL
(08) Pra fazer a diferença I (PP, MDB, PSL, AVANTE)
(09) PSTU
(10) PT
(11) Renovar DF (PTB, PHS, PTC, PATRI)
(12) Renovar DF 2 (PMN, PMB, PROS)
(13) Unidos pelo DF 1 (PRB, PODE, PSC, PPS, PSD, SD)
(14) União e força (PR, DEM, PSDB)

Como já me decidi por votar no Jair Bolsonaro para a presidência, é importante que a minha escolha para a presidência norteie meus votos para o Congresso uma vez que o presidente precisará dos congressistas para governar. Em princípio, você pensaria no próprio partido do Bolsonaro, o PSL, mas, além de não ter feito uma boa coligação no DF, o Flávio Bolsonaro e o Eduardo Bolsonaro já explicaram que o Jair não conseguiu uma articulação com o partido por aqui e que aqueles candidatos que o apoiariam foram inclusive orientados a filiar-se ao PRP, que se coligou ao PRTB, partido do General Mourão, que é vice do Jair Bolsonaro, para o cargo de deputado federal.

Os candidatos do PRP e do PRTB são 16 ao todo. Como o meu voto, como já expliquei, pode ser responsável por eleger qualquer um desses candidatos, eu tive o trabalho de pesquisar sobre cada um deles. Infelizmente, em pleno século XXI, muitos ainda não perceberam como é importante fazer uso da internet para divulgarem suas idéias e nem sempre foi possível fazer uma boa análise de cada um.

Acabei optando pela Bia Kicis, cujo excelente trabalho de atuação política já acompanho há alguns anos. Há outros bons candidatos em quem cheguei a pensar em votar, como o Carlos Arouck ou como a Elisa Robson, mas confesso que o fato de a Bia ser uma aluna do professor Olavo de Carvalho, que considero o maior intelectual brasileiro vivo, e ser apoiada por ele foi algo que pesou muito na minha decisão.

Ela será alguém que irá lutar, no Congresso, por todos os valores que são importantes pra mim, que mencionei no texto em que justifiquei meu voto para a presidência, que será um apoio para o Jair Bolsonaro, caso ele seja eleito, e que levará, por meio do meu voto na coligação feita pelo seu partido, bons deputados para a Câmara. 

Como votarei para o Senado no DF em 2018



Para o Senado, em Brasília, tínhamos 20 candidatos:


(01) Brigadeiro Atila Maia (PRTB) [coligação: PRTB, PRP] - indeferido com recurso;

(02) Chico Leite (REDE) [coligação: PSB, PV, PCdoB, PDT e Rede];

(03) Chico Sant'Anna (PSOL) [coligação: PSOL e PCB];

(04) Cristovam Buarque (PPS) [coligação: PSD, PRB, PPS, Solidariedade, Podemos e PSC];

(05) Danilo Matoso (PCO) - indeferido com recurso;

(06) Fadi Faraj (PRP) [coligação: PRP e PRTB];

(07) Fernando Marques (SOLIDARIEDADE) [coligação: PSD, PRB, PPS, Solidariedade, Podemos e PSC];

(08) Helio Queiroz (PP) [coligação: PP, PPL] - indeferido com recurso;

(09) Izalci (PSDB) [coligação: PSDB, PR];

(10) João Pedro Ferraz (PPL) [coligação: PP, PPL] - indeferido com recurso;

(11) Juiz Everardo Ribeiro (PMN) [coligação: PMN, PTB];

(12) Leila do vôlei (PSB) [coligação: PSB, PV, PCdoB, PDT e Rede];

(13) Marcelo Neves (PT);

(14) Marivaldo Pereira (PSOL) [coligação: PSOL e PCB];

(15) Paulo Roque (NOVO) 

(16) Professora Amábile (PR) [coligação: PR, PSDB];

(17) Robson (PSTU);

(18) Romilda Teixeira (PSDB) [coligação: PSDB, PR] - indeferido;

(19) Walisson Nascimento (PTB) [coligação: PMN, PTB] - renúncia;

(20) Wasny (PT).

Pelo critério de eliminar partidos do Foro de São Paulo (PDT, PCdoB, PCB, PPL, PPS, PSB e PT) ou coligados com ele, são eliminados (02); (03); (04); (07); (08); (10); (12); (13); (14); (20).

Os candidatos (05) e (17), respectivamente, Danilo Matoso (PCO) e Robson (PSTU), podem ser trivialmente descartados, por meio de um critério que já expliquei no meu voto para o governo do DF.

A candidatura da (18) Romilda (PSDB) foi indeferida e o (19) Walisson (PTB) renunciou.

O PMN é de Esquerda; então, o Juiz Everardo está eliminado.

Os candidatos (09), Izalci, e (16), professora Amábile, também podem ser descartados por pertenceram ao esquerdista PSDB, mas voltaremos ao Izalci mais adiante.  

Restam, então, os seguintes candidatos: 

(01) Brigadeiro Atila Maia (PRTB) [coligação: PRTB, PRP] - indeferido com recurso;

(06) Fadi Faraj (PRP) [coligação: PRP e PRTB];

(15) Paulo Roque (NOVO).

O partido NOVO tem um problema que já apontei na explicação do meu voto para o governo do DF. Além do mais, tendo em vista o fortalecimento de uma base no Congresso que pudesse favorecer o Bolsonaro, em um possível governo seu, caso ele seja eleito, o Fadi Faraj pertence ao PRP, que o Flávio Bolsonaro e o Eduardo Bolsonaro já disseram que, no Distrito Federal, é o partido que concentrou os candidatos apoiados pelo seu pai, Jair Bolsonaro, por não terem conseguido uma articulação com o PSL, e o Brigadeiro Atila Maia pertence ao partido do General Mourão, vice do Bolsonaro.

Em princípio, portanto, eu votaria no Brigadeiro Atila Maia e no Fadi Faraj; entretanto, depois que a candidatura do Brigadeiro foi indeferida, embora esteja sujeita ainda a recurso, comecei a pensar em um possível substituto para o voto que lhe daria e acabei pensando que seria melhor dar um voto útil ao Izalci.

As pesquisas de intenções de voto feitas pelo Ibope, pelo Datafolha e pelo Instituto Opinião Política têm colocado os candidatos Cristovam (PPS), Leila do Vôlei (PSB), Chico Leite (REDE) e Izalci (PSDB) como os principais que disputam pelas duas vagas. Seria desastroso termos dois senadores de partidos do Foro de São Paulo, como o Cristovam e a Leila do Vôlei, ou um de um partido do Foro e outro coligado com três partidos do Foro como o Chico Leite.

Creio que seja, então, estratégico votar no Izalci mesmo que ele seja maçom e que faça parte de um partido como o PSDB. Favoravelmente ao Izalci, pesa um ranking feito pelo Instituto Monte Castelo, presidido pelo meu amigo Felipe Azevedo Melo, para dar notas aos deputados da última legislatura, iniciada em fevereiro de 2015, de acordo com seus votos em pautas concernentes à defesa da vida, da liberdade e da responsabilidade. O Izalci obteve uma boa pontuação.

Eu também, de qualquer forma, não tinha conseguido encontrar praticamente nada sobre o Brigadeiro Atila Maia, que não tem quase nada, nas redes, para que possamos saber mais sobre ele e sobre os seus posicionamentos. 

Decidi, portanto, que votarei no Fadi Faraj (PRP) [444] e no Izalci (PSDB) [456].

sábado, 22 de setembro de 2018

Todos os livros da Bíblia dão amostras evidentes da sua canonicidade? (Dave Armstrong)


Até mesmo os livros de São Paulo foram contestados, ou pelo menos não apresentados como "Escritura" per se., por pelo menos duas grandes figuras antigas. Por exemplo, não temos nenhuma evidência positiva de que São Justino Mártir (165 d.C.) considerou Filipenses, 1 e 2 Timóteo, Tito, Filêmon, Hebreus, Tiago, 2 Pedro ou 1, 2 e 3 João como livros bíblicos. São 11 dos 27 livros. O mesmo se aplica a 2 Timóteo, Tito e Filemon no que diz respeito a São Policarpo (69 d.C. - c. 155 d.C.). Santo Irineu, Orígenes, Tertuliano e São Clemente de Alexandria não afirmam, expressamente, que Filêmon seja canônico no período entre 160 d.C. e 250 d.C. .

Além disso, 1 Pedro não era considerado canônico no período entre 30 d.C. e 160 d.C. e foi aceito, pela primeira vez, apenas por Santo Irineu (c. 130 d.C. - c. 200 d.C.) e por São Clemente de Alexandria (c. 150 d.C. - c. 215 d.C.). O mesmo acontece com 1 João, que também foi aceito, primeiramente, por Santo Irineu. Ele ainda estava sob disputa por uma minoria no período "tardio" entre 250 d.C. - 325 d.C. (assim como 1 Pedro). O livro de Atos era pouco conhecido ou citado no período entre 30 d.C. - 160 d.C. e só foi gradualmente aceito entre 160 d.C. e 250 d.C. . Ele ou não era conhecido ou não foi citado por São Clemente de Roma, por Santo Inácio, por Papias e pela Didaquê (tudo antes de 150 d.C.).

São Justino Mártir, São Clemente de Alexandria, Tertuliano e Orígenes, todos eles citam ou aludem-no, mas não se referem, especificamente, ao livro como sendo canônico ou Escritura Sagrada inspirada. Isso dificilmente é consistente com um cenário de pouca dúvida ou de "virtualmente, nenhuma disputa" sobre sua canonicidade (sem mencionar que um homem comum médio não teria como lê-lo e imediatamente discernir que se trata de um texto escriturístico sem o benefício prévio do recebimento dessa verdade pela Tradição cristã ou de uma Bíblia que traga, como temos hoje, os textos canônicos).

Todas as informações acima foram, originalmente, obtidas (para o meu primeiro livro) de fontes exclusivamente protestantes: New Bible Dictionary, Oxford Dictionary of the Christian Church e do From God to Us: How We Got the Bible (Norman L. Geisler; William E. Nix, Chicago: Moody Press, 1974).

Tudo isso sustenta minha alegação de que não é, simplesmente, fácil ler todos os livros bíblicos e "saber" que eles são inspirados e canônicos somente a partir de evidências internas contidas neles. A autoridade da Igreja foi requerida e é essa a minha principal alegação aqui. Estou opondo-me aos protestantes que, de forma tola, sustentam que a autoridade da Igreja não foi necessária no estabelecimento do cânon. Uma abordagem inteligente e racional da questão do cânon exige que reconheçamos a complexidade do processo (e, diria eu, a necessidade da autoridade da Igreja, em algum sentido, mesmo de uma perspectiva protestante).

Quanto aos livros que, por fim, decidiu-se que não integrariam o cânon bíblico: os Atos de Paulo foram aceitos por Orígenes e recebeu traduções para o grego, o latim, o siríaco, o armênio e o árabe. O Evangelho de Hebreus foi aceito por São Clemente de Alexandria. 1 e 2 Clemente e os Salmos de Salomão foram inclusos no Codex Alexandrinus do início do quinto século. Eusébio (História Eclesiástica, 3, 16) diz-nos que 1 Clemente era lido em muitas igrejas. A Epístola aos Laodicenses, conhecida, devido a São Jerônimo, como sendo forjada, foi inclusa em muitas Bíblias, do sexto século ao décimo quinto, reaparecendo até mesmo em bíblias protestantes inglesas e alemãs do século XVI.

O Norman Geisler informa-nos que a Epístola de Policarpo aos Filipenses é parte dos "apócrifos do Novo Testamento", uma classificação de livros que ele descreve como aqueles "aceitos por um grupo limitado de cristãos, por um tempo limitado, mas que nunca ganharam um reconhecimento amplo ou permanente" (Ibid. , p. 121,124). Ele inclui as Sete Epístolas de Inácio nesse grupo também.

De acordo com F. F. Bruce (The Canon of Scripture, Downers Grove, Illinois: InterVarsity Press, 1988), "A Pregação de Pedro" foi "altamente estimada" por São Clemente de Alexandria (p.194). Bruce também notou o texto aparentemente docético do "Evangelho de Pedro":
"No segundo século, ele foi lido e apreciado por cristãos que estavam propensos a aceitá-lo por ele ter sido escrito por Pedro. Até mesmo Justino Mártir parece citá-lo em um lugar" (p. 200).
Bruce afirma que São Clemente de Alexandria chegou a citar o Evangelho "completamente gnóstico", de acordo com os egípcios, "não uma, mas quatro vezes" (p. 189), explicando que "Clemente pode tomar um dito gnóstico que atribui a Jesus e dar-lhe uma reinterpretação ética que não ofenderia a ninguém". O mesmo Padre (exercendo o que Bruce chama de "hospitalidade") citou com aprovação "Tradições de Matias" e "Oráculos Sibilinos" (p. 191). Ele também citou declarações não canônicas de Jesus, conhecidas como "agrapha".

De acordo com Brooke Foss Westcott (A General Survey of the History of the Canon of the New Testament: Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, 6th edition, 1980, da edição de 1889, 110-111; cf. Bruce, ibid., 127), Justino Mártir também cita, repetidamente, uma obra chamada "Memórias dos Apóstolos" (e. g., dez vezes em seu "Diálogo com Trifão").

Santo Atanásio achava que a Didaquê era boa o suficiente para ser inclusa ao lado dos livros canônicos, na mesma lista em que, pela primeira vez, encontram-se os 27 livros do Novo Testamento, e que poderia ser lida de forma proveitosa nas igrejas para edificar os fiéis (Bruce, ibid., 209). São Cirilo de Jerusalém (f. 386) tomou a mesma posição (Ibid., 211), assim como Rufino (f. 410) (Ibid., 225).

São Pedro, em 2 Pedro 3.16 (RSV), refere-se às "cartas" de São Paulo, nas quais "Há algumas coisas [...] difíceis de serem compreendidas, as quais os ignorantes e instáveis distorcem para a sua própria perdição, assim como fazem com as outras Escrituras". No entanto, tudo o que podemos determinar, a partir disso, é que Pedro considerou as cartas de Paulo (i.e., aqueles de que ele estava ciente) como sendo Escritura. Nós não sabemos quantas são ou de quais ele estava falando.

A International Standard Bible Encyclopedia afirma o seguinte sobre o livro de Hebreus:
"O autor e os seus leitores não eram discípulos pessoais de Jesus, mas tinham recebido o evangelho daqueles que tinham ouvido o Senhor (2.3) e não estavam mais vivos (13.7) [...] A passagem que é mais conclusiva contra a autoria paulina (2.3) é igualmente conclusiva contra a autoria de qualquer outro apóstolo" (Vol. II, 1357-1358, "Hebrews, Epistle to the").
Essa obra padrão de referência bíblica protestante considera Hebreus 2.3 como uma evidência "conclusiva" de que nenhum apóstolo escreveu o livro de Hebreus. São Paulo viu Jesus ressuscitado. Portanto, ele era uma testemunha de Jesus (1 Cor. 9.1, 15.8; At. 22.6-11) e estava completamente qualificado para ser um apóstolo — essa fundamentação é bastante conhecida. A definição bíblica de apóstolo é um tanto quanto fluida e flexível (como é o caso da maior parte das funções na Bíblia em seu estágio inicial de desenvolvimento); contudo, se a apostolicidade e o conhecimento da autoria são dois modos de facilmente identificar um livro como sendo canônico, então, o livro de Hebreus falha duplamente. A Igreja, por fim, reconheceu sua condição intrínseca como texto sagrado, mas isso não teria sido tão fácil de ser feito por alguém individualmente. 

Argumenta-se que a crença comum da Igreja primitiva de que o livro teria sido escrito por São Paulo foi a razão pela qual o livro poderia ter sido aceito. Tal teoria, entretanto, não é evidente no livro em si mesmo. Só se pode chegar a ela por meio de complicadas comparações e análises internas que estão, obviamente, além da capacidade de um indivíduo médio. 

A autoria por parte de um apóstolo não foi estritamente requerida na compreensão de canonicidade da Igreja primitiva. Alguns protestantes parecem achar que ela era necessária, mas ela não foi. Isso apenas tornou mais fácil concluir que um dado livro era inspirado. F. F. Bruce explica isso:
"A insistência de Jerônimo em que a canonicidade não é dependente de uma autoria particular, nem mesmo da autoria apostólica, revela um "insight" que muitas vezes tem sido ignorado nas discussões sobre o cânon da Escritura, tanto em épocas mais antigas quanto em tempos mais recentes" (The Canon of Scripture, 227).
Bruce afirma que Santo Agostinho tinha a mesma visão:
"Para ele, assim como para Jerônimo, a canonicidade e a autoria são questões distintas.".
"Como seu contemporâneo mais velho Jerônimo, ele fazia a distinção entre canonicidade e autoria apostólica" (Ibid., 232, 258).
O critério antigo mais acurado para a canonicidade é descrito por Bruce da seguinte maneira:
Mesmo em um período anterior, a autoria apostólica, no sentido direto, não era exigência, se alguma forma de autoridade apostólica pudesse ser estabelecida. [...] Se um escrito era obra de um apóstolo ou de alguém intimamente associado a um apóstolo, deveria pertencer à era apostólica. Escritos de data posterior, fossem quais fossem seus méritos, não poderiam ser inclusos entre os livros apostólicos ou canônicos. 
Bruce faz uma declaração interessante sobre o Evangelho de João:
Justino não diz nada sobre a autoria do Quarto Evangelho [...]. O primeiro escritor conhecido a chamar o evangelista de João foi Teófilo, Bispo de Antioquia c. 180 d.C. (To Autolycus, 2.22). (Ibid., 129)
O autor de 1 João é anônimo. Creio que todas as três epístolas foram escritas pelo Apóstolo João, autor também do Evangelho que porta o seu nome, mas, novamente, isso não necessariamente seria aparente imediatamente ou facilmente a um leitor casual. "Ancião" ou "presbítero" dificilmente é uma identificação conclusiva. Eu poderia escrever uma carta assinada com "o apologista" — mas isso dificilmente diria às pessoas que o autor seria Dave Armstrong!

O polemista anticatólico Ken Temple declarou: "Paulo e Pedro reivindicam inspiração nos seus escritos: 1 Coríntios capítulo 2, 7:1, 40, 2 Pedro 1:12-21, 3:1, 3:16".

Ele está fazendo eisegese com 1 Coríntios 2 para chegar a essa conclusão. Nenhuma das palavras usadas são uma prova definitiva de inspiração. Pelo contrário, Paulo está expressando que está sendo guiado pelo Espírito Santo da mesma forma pela qual todos os cristãos são guiados ou deveriam sê-lo. Obviamente, nem todos nós fomos inspirados a escrever as Escrituras. Então, São Paulo escreve, por exemplo: " [...] tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam. [...] Deus no-las revelou pelo seu Espírito" (2.9-10). Então, essa é uma iluminação espiritual, mas não apenas dada aos apóstolos e/ou aos escritores inspirados da Escritura, mas "para aqueles que o amam". No versículo 12, ele explica que o Espírito que habita em nós ajuda-nos a "conhecer as graças que Deus nos prodigalizou". 

Isso nada tem a ver com a inspiração e com a Escritura, como indicado, novamente, no versículo 13: "[...] aqueles que possuem o Espírito". Paulo continua o seu ensino geral sobre o Espírito que habita em nós e sobre o discernimento das coisas espirituais, referindo-se aos "dons do Espírito Santo", no versículo 14 e sobre o "homem espiritual" no versículo 15. Quando ele conclui: "Nós, porém, temos o pensamento de Cristo" (2.16), isso também não está se referindo somente à inspiração dos autores bíblicos de forma nenhuma. Trata-se de um tema comum em Paulo (cf. Rm. 8.6, 27; 11.34; 15.6; 1 Cor. 1.10; cf. Hb. 8.10). Além disso, o início do capítulo refere-se a uma proclamação oral anterior de Paulo, não à Escritura escrita em absoluto (2.1-4).

Tudo o que 1 Coríntios 7.40 diz-nos é que Paulo tem o "Espírito de Deus". Sim! O mesmo acontece com todos os cristãos (Jo 14.16-18; Rm. 8.9-11; 1 Cor. 2.12; 3.16-17; 6.19; Gl. 4.6; 1 Jo. 3.24; 4.12-16). No entanto, todos nós não escrevemos a Bíblia, não é? Então, isso prova exatamente nada e não passa de um raciocínio circular desesperado e de eisegese. 

2 Pedro 1.19-21, por outro lado, realmente aborda a inspiração (embora não prove o que o Ken acredita que a passagem prova). Todos nós concordamos que a Escritura é inspirada. Tecnicamente, no entanto, Pedro não está reivindicando aqui inspiração para a sua própria escrita, na qual ele faz essa observação: também há uma aplicação à profecia falada em 1.21 ("Homens inspirados pelo Espírito Santo falaram da parte de Deus"), que pode estar, mais tarde, registrada nas Escrituras, mas não necessariamente (e não há muitas profecias no Novo Testamento).

Apenas o autor do Apocalipse realmente, expressamente, alega inspiração (isto é, para aquilo que estava escrevendo, assim como os profetas do AT reivindicavam inspiração direta). Uma vez que Pedro aqui se refere, genericamente, à "Escritura" e à "profecia", e não ao seu presente escrito, isso não refuta minha alegação. Tudo o que a passagem sugere é que as Escrituras são inspiradas, como todos os cristãos crêem.

Novamente, em 2 Pedro 3.16, Pedro chama os escritos de Paulo (ele não nos diz quais) de "Escritura". Claro! Ninguém discorda disso. Só não sei que conexão o versículo 1 tem com isso. Pedro diz que essa é sua segunda carta. Ele ainda não afirma que seja Escritura. Nós cremos que ela é. Talvez haja outras evidências internas sugerindo que sim, mas isso não refuta minha afirmação.

Não podemos concluir que o fato de que Pedro tenha chamado a sua carta de uma carta signifique que ele está chamando-a de Escritura porque ele iguala as cartas de Paulo às Escrituras. Isso não se segue, mesmo se a carta de Pedro for de fato Escritura, como cremos. Não acredito que os escritores da Bíblia necessariamente sabiam que o que eles escreviam era inspirado. Eles, muitas vezes, parecem não estar cientes disso ou, então, não declaram algo assim, em função de humildade.

Quanto à minha opinião, tenho o apoio de F. F. Bruce (em sua seção "Inspiração", no capítulo 21: "Critério de canonicidade"):
"Por inspiração, nesse sentido, quer-se dizer aquela operação do Espírito Santo pela qual os profetas de Israel foram capacitados a falar a palavra de Deus. 
[...] Apenas um dos escritores do Novo Testamento baseia expressamente a autoridade do que escreveu em inspiração profética. O Apocalipse é chamado de 'o livro desta profecia' (por exemplo, Ap. 22.19). O autor implica que suas palavras foram inspiradas pelo mesmo Espírito da profecia que falara por meio dos profetas da antiguidade [...] seu apelo por meio do Apocalipse não é à autoridade apostólica, mas à inspiração profética [...]. Não se deve negar que [os livros do Novo Testamento] eram (e são) assim inspirados, mas a maior parte dos autores do Novo Testamento não baseia sua autoridade na inspiração divina [...] Quando, porém, [Paulo] precisa afirmar sua autoridade [...], ele a baseia na comissão apostólica que havia recebido do Senhor exaltado.  
[...] a inspiração divina dos evangelhos de Marcos e Lucas não deve ser negada, mas esses escritos foram aceitos, primeiramente como Escrituras dotadas de autoridade e depois como canônicos, porque foram reconhecidos como testemunhas fidedignas dos eventos da salvação. 
Clemente de Roma reconhece que Paulo escreveu 'com verdadeira inspiração' [1 Clemente 47.3]. Entretanto, faz alegação semelhante para a sua própria carta. 
[nota de rodapé 38: 1 Clemente 63.2; cf. 59.1, onde ele descreve o conteúdo de sua carta como 'palavras faladas por Cristo por nosso intermédio'. A liberdade que a idéia de inspiração era utilizada por alguns pais da igreja é bem ilustrada por uma carta de Agostinho a Jerônimo, em que se afirma que a interpretação bíblica de Jerônimo foi realizada 'não apenas pelo dom, mas pelo ditado do Espírito Santo' (Agostinho, Epístola 82.2 = Jerônimo, Epístola 116.2) [...].] 
[...] Semelhantemente, Inácio alega falar e escrever pelo Espírito. Ele tinha, sem dúvida, o dom (ocasional) de profecia: 'Não é segundo a carne que vos escrevo', diz ele à igreja em Roma, 'mas segundo a mente de Deus' [Inácio, Aos Romanos, 8.3]. 
[...] Em nossos dias, todavia, a inspiração já não serve como critério de canonicidade. 'Foi apenas quando a fita vermelha da autoevidência foi atada ao redor dos 27 livros do Novo Testamento que 'inspiração' passou a servir aos teólogos como uma resposta à pergunta: Por que estes livros são diferentes de todos os outros?' 
[nota de rodapé 47: K. Stendahl, The Apocalypse of John and the Epistles of Paul..., p. 243...] (Ibid. 264-268)"
Sim! Exatamente! Isso complementa meu argumento perfeitamente e apóia-o. Estou afirmando que uma maneira particular de determinar o cânon é inadequada. Estou também argüindo que a Igreja é necessária aos cristãos a fim de termos uma compreensão ou uma moldura definitiva de quais livros são bíblicos e de quais não são. Tal abordagem não é qualquer tipo de "desmerecimento da Bíblia". A Bíblia não pode ser usada para produzir um argumento baseado naquilo que os livros bíblicos, individualmente, supostamente alegam, quando eles, de fato, sequer fazem alegações desse tipo. 

Decidir qual é o cânon é diferente de produzir aquilo que as Escrituras são porque elas são inerentemente inspiradas. Em outras palavras, o cânon não é idêntico à Escritura, não mais do que um sumário é idêntico ao livro que ele descreve por capítulo.

Eu não nego qualquer "autoatestação", eu apenas nego que isso, por si só, foi suficiente para estabelecer um cânon conhecido com limites definitivos, ou que isso seja uma característica abrangente de "todos" os livros bíblicos como alguns protestantes querem. 


quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Como votarei para o governo do DF em 2018


Como vocês viram na minha postagem sobre por que votarei no Bolsonaro, o meu primeiro critério de eliminação tem sido o Foro de São Paulo (PDT, PCdoB, PCB, PPL, PPS, PSB, PT). Usando-o, eliminamos 5 dos 11 candidatos ao governo de Brasília, a saber:

Fátima Souza (PSOL) [coligação: PCB/PSOL]

Ibaneis Rocha (MDB) [coligação: PP/MDB/PSL/PPL/AVANTE]

Júlio Miragaya (PT)

Rodrigo Rollemberg (PSB) [coligação: PDT/REDE/PSB/PV/PCdoB]

Rogério Rosso (PSD) [coligação: PRB/PODE/PSC/PPS/PSD/SD]

Quem se lembra da resolução de equações de segundo grau aplicadas a problemas físicos deve lembrar-se que era muito comum descartar, trivialmente, soluções quando elas não se aplicavam à realidade. Por exemplo, suponhamos que você queira calcular o valor da aceleração da gravidade em um planeta, mas encontre uma solução positiva e outra negativa. Por não haver, segundo a física corrente, gravidade negativa, o valor negativo é desprezado e fica-se com o positivo.

Podemos efetuar uma operação semelhante com relação aos candidatos Renan Rosa (PCO) e Guillen (PSTU): eles podem ser trivialmente descartados por fazerem parte de partidos patéticos de Esquerda.

A Eliana Pedrosa (PROS) [coligação: PROS/PTB/PHS/PATRI/PMN/PTC/PMB] pode ser eliminada por ser uma militante do movimento LGBT. Embora apareça, no horário eleitoral, defendendo a família tradicional, ela se assumiu homossexual recentemente. Até aí, sem problemas. Meu problema não é com aquilo que cada um escolhe fazer da sua vida sexual entre quatro paredes, mas na sua vida pública. Meu problema não é com homossexuais, mas com o movimento gay — não sei se vocês sabem, mas o Catecismo da Igreja Católica, inclusive, por exemplo, no seu ponto 2358, afirma que os homossexuais "devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza". Cristãos homossexuais são tão vocacionados à santidade quanto cristãos heterossexuais. Como disse, certa feita, o padre Paulo Ricardo, "A 'cura gay' é igual à cura hetero, que é igual à cura bissexual, que é igual à cura transsexual, que é igual a qualquer outra cura, que se chama santidade".

No âmbito público, no próprio site da Eliana, podemos ver um dos seus projetos de lei: 

"PL 951/2008
Fica incluída no Calendário Oficial de Eventos do Distrito Federal a Parada do Orgulho LGBTS das Cidades do Distrito Federal.".

Ela é favorável às cotas e queria que 40% das vagas das faculdades públicas do DF fossem destinadas a alunos de escolas públicas:

"PROJETO DE LEI n" 1812/05, de autoria do(a) Sr(a). Deputado(a) ELIANA PEDROSA. que altera o art. 1g da Lei ng 3.361, de 17 de junho de 2004, que "Institui reserva de vagas, nas universidades e faculdades públicas do Distrito Federal, de, no mínimo, 40% (quarenta por cento) por curso e por turno, para alunos oriundos de escolas públicas do Distrito Federal".

Antes de pertencer ao PROS, era do PPS, que faz parte do Foro de São Paulo.

Ela também fez campanha em favor do desarmamento. Ela, portanto, está eliminada.

O Alberto Fraga (DEM) [coligação: PR/DEM/DC/PSDB], está coligado com o socialista PSDB e, no seu plano de governo, ele fala que foi responsável por essa piada de "feminicídio". Por três vezes, no seu plano, ele afirma que apoiará o movimento LGBT.

Sobram, finalmente, o Alexandre Guerra (NOVO) e o General Paulo Chagas (PRP) [coligação: PRP/PRTB].

O General é apoiado pelo Bolsonaro, é católico, até onde pude investigar, o seu plano de governo é razoável e tive uma boa impressão das suas inúmeras entrevistas que pude ver no YouTube e dos artigos no seu site

Quanto ao Alexandre Guerra (NOVO), confesso que gostei mais do seu plano de governo, mas o NOVO tem aquele problema de sempre, de ignorar a cultura e os valores morais em favorecimento de uma ênfase exclusiva nas relações econômicas.

A escolha do governador norteará o meu voto para deputado distrital, uma vez que ele dependerá da Câmara Legislativa. 

O NOVO não se coligou a nenhum partido para as eleições para deputado distrital, de modo que eu teria de privilegiar candidatos do partido para um cargo eletivo em que a defesa de valores é essencial. 

O PRP do Paulo Chagas, por sua vez, coligou-se ao PRTB para o cargo de deputado distrital. Sinto-me mais confortável para escolher candidatos desses partidos. Como o PRTB, partido do vice do Bolsonaro, o General Mourão, está coligado ao PSL para o cargo de presidente, seria bom também fortalecer esses partidos no âmbito distrital. 

Considerando tudo isso, fico com o General Paulo Chagas (PRP).

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Por que votarei no Bolsonaro em 2018


Prêambulo: por que não votar em branco ou nulo

Em seu livro "Omissões: o bem que não fazemos", Luiz Fernando Cintra afirma que acredita que pecaria por omissão se deixasse de escrever o livro em questão. Creio que cometeria pecado semelhante se deixasse de escrever este texto e é precisamente nessa perspectiva da omissão que gostaria de iniciá-lo.

Independentemente do nosso voto, os cargos eletivos serão preenchidos. Haverá, por exemplo, um presidente quer você queira ou não. O fato é que alguém ocupará o cargo.

Ensina-nos a Lógica que dois objetos são idênticos se, e somente se, têm as mesmas propriedades. Se, portanto, há, pelo menos, dois candidatos diferentes concorrendo a um determinado cargo, sempre haverá pelo menos uma propriedade que estará em um deles, e ausente no outro. Nunca se tratará, portanto, de escolher entre o Diabo e Belzebu, entre Satanás e o Encardido. Na pior das hipóteses, haverá um mal menor.

Apelarei a uma analogia a fim de demonstrar a irracionalidade do voto nulo ou em branco nas circunstâncias em que vivemos. Suponhamos que você se encontra encurralado em um beco por uma gangue que lhe anuncie que você será espancado. Surpreendentemente, os membros do grupo de malfeitores anunciam-lhe que você pode escolher apanhar do Hulk magrelo, do extinto programa Legendários, ou do Pitoco, das pegadinhas do Sílvio Santos. Mais ainda! Dizem-lhe que você tem o direito de lutar com um deles e, na hipótese de que ganhe do adversário, será deixado em paz. Pergunto-lhe: faz algum sentido eximir-se de fazer uma escolha e permitir que escolham o seu adversário? Na pior das possibilidades, o Hulk magrelo saberá lutar alguma arte marcial e dar-lhe-á uma surra; contudo, se você deixar que escolham por você, obviamente, os membros da gangue optarão por aquele que certamente irá ganhar de você.

Como ensinou-me meu pai, se deixarmos a política de lado, principalmente em tempos de completa ingerência do Estado, logo seremos proibidos de colocar sal nas nossas comidas em restaurantes ou trabalharemos cinco meses para sermos roubados por meio de impostos — se o leitor ainda não percebeu, esses exemplos já são realidade no Brasil.

A realidade cruel é que, se não perdermos tempo com a política, outras pessoas decidirão por nós. Poderemos perder nosso dinheiro, nossa liberdade e até a nossa vida. Se fosse apenas a sua liberdade e os seus direitos que estivessem em jogo, não seria tão ruim, mas é a vida de todos os brasileiros que está em jogo nestas eleições de 2018.

Vamos, enfim, às razões que creio que, em conjunção, são mais do que suficientes para que votemos no Jair Messias Bolsonaro.
1
O Bolsonaro não faz parte de um partido do Foro de São Paulo (PDT, PCdoB, PCB, PPL, PPS, PSB e PT), nem fez coligação com partidos que fazem parte dele, diferentemente dos seguintes candidatos:


Ciro Gomes (PDT) [PDT, AVANTE]
Kátia Abreu (PDT)

Geraldo Alckmin (PSDB) [coligação: PSDB, PP, PTB,PSD, SD, PRB, DEM, PPS, PR]
Ana Amélia (PP)

Guilherme Boulos (PSOL) [PSOL, PCB]
Sônia Guajajara (PSOL)

João Goulart Filho (PPL)
Léo Alves (PPL)

Fernando Haddad (PT) [PT, PROS, PCdoB]
Manuela D'Ávila (PCdoB)

Se você, nesta altura do campeonato, ainda não sabe do que se trata, veja o artigo do jornalista Felipe Moura Brasil, intitulado "Conheça o Foro de São Paulo, o maior inimigo do Brasil".

2
O supracitado Foro de São Paulo faz parte de algo maior, a saber, de um dos braços do globalismo. Como bem aponta o professor Olavo de Carvalho (vejam os vídeos do professor, no YouTube, sobre a Nova Ordem Mundial), há três frentes que têm pretensões de estabelecer um governo mundial a despeito das soberanias nacionais: o bloco russo-chinês (comunista); o bloco islâmico; e o bloco "metacapitalista", composto pelas grandes famílias milionárias (Soros, Rockefeller, Ford...) — não deixem de ler o debate do professor com o Aleksandr Dugin e de ler os livros do Alexandre Costa.

Enquanto o João Amoêdo apóia a Agenda 2030, o Ciro é apoiado pelo Partido Comunista da China, a Marina propala a fraudulenta agenda ambientalista da ONU — leiam "O Império Ecológico, ou A subversão da ecologia pelo globalismo", do Pascal Bernardin e vejam os vídeos do professor Ricardo Felício no YouTube — e assim por diante, o Bolsonaro fala que tirará o Brasil da ONU caso seja presidente.

Vejam bem: nossa situação é tão crítica que não podemos nem mesmo dizer que vamos virar uma Venezuela porque estamos atrás dela no IDH.

3
O Bolsonaro é um dos poucos candidatos que é contra o desarmamento. Não importa o que você pensa sobre o assunto: em 2005, houve um referendo, no Brasil, em que 63,94% da população recusou o desarmamento, mas a decisão do povo brasileiro foi completamente ignorada. Se você vive falando em democracia, deveria querer que a vontade dos brasileiros fosse respeitada.

Se você acredita em chavões como "não se combate a violência com violência", "não é na bala que vamos resolver o problema da segurança pública" ou acha que o atentado ao Bolsonaro prova que devemos ser desarmamentistas, não deixem de ler os excelentes livros lançados pela Vide Editorial e de procurar as inúmeras entrevistas e os vários debates do Bene Barbosa no YouTube.

4
O próximo presidente poderá indicar dois ministros durante o seu mandato, no lugar do Celso de Mello, que se aposenta em 2020, e do Marco Aurélio, que se aposenta em 2021.

Todos nós temos visto o ativismo do STF e como os seus ministros não têm o menor respeito por nossas leis, dando votos completamente arbitrários e aleatórios apenas para implementar suas próprias agendas.

O Bolsonaro já afirmou que pretende indicar ministros cristãos. Mesmo que você mesmo não seja cristão, é bastante estranho que, em uma democracia representativa, não tenhamos nenhum ministro realmente cristão em um país com uma população com cerca de 90% de cristãos. Elegê-lo será a garantia de que teremos um STF mais equilibrado, que procure seguir o texto constitucional, em vez de impor ideologias aos brasileiros, crendo que não deve satisfações a ninguém.

5
Por falar sobre o ativismo judicial, o Bolsonaro é contra o aborto. Foi um dos poucos que se manifestaram contra essa monstruosidade, por ocasião das audiências no STF, e já disse que o vetará caso seja aprovado pelo Congresso.

Com relação ao assunto, temos de ter candidatos firmes em vez de termos posicionamentos como o da Marina Silva. A idéia, em si mesma, de sugerir um plebiscito para que decidamos sobre o aborto é absurda. Você aceitaria que fizéssemos um plebiscito para decidirmos se podemos matá-lo? Por que você aceita, então, a idéia de decidirmos se um bebê pode ser morto por meio de uma votação?

6
O Bolsonaro é contra a legalização das drogas. Se você ainda acha que se trata apenas de uma questão de liberdade individual, veja o vídeo gravado pelo Bernardo Küster sobre isso.

7
O Paulo Guedes, que será o ministro da Fazenda caso o Bolsonaro seja eleito, é, de longe, o melhor economista que poderíamos ter para consertarmos as más políticas econômicas adotadas pelos últimos governos, lembrando que, de 1985 pra cá, só tivemos, basicamente, o PT, o PSDB, partidos de Esquerda, e o PMDB no governo — o Collor, que era do PRN, atual PTC, ficou pouco mais de dois anos no poder, mas tinha um vice do PMDB.

Se você não está certo disso, dê uma olhada, por exemplo, na entrevista que a Globo News fez com os assessores dos cinco candidatos que estavam nas primeiras colocações nas pesquisas de intenção de voto: Guilherme Mello (PT); Mauro Benevides (PDT); Pérsio Arida (PSDB); Paulo Guedes (PSL); Eduardo Giannetti (Rede).

8
Temos um país sucateado, mas os governos petistas não viram nenhum problema em usar o nosso dinheiro para investir em países que compartilham da sua ideologia. Enquanto brasileiros morriam nos nossos hospitais precários, investíamos bilhões em Cuba, Venezuela etc. . O Bolsonaro não apenas já afirmou que algo assim não aconteceria em um governo seu, mas afirmou que investigará o que realmente foi feito dos nossos impostos.

No seu plano de governo, ele afirma: "Deixaremos de louvar ditaduras assassinas e desprezar ou mesmo atacar democracias importantes como EUA, Israel e Itália. Não mais faremos acordos comerciais espúrios ou entregaremos o patrimônio do Povo brasileiro para ditadores internacionais.".

Ele prometeu, inclusive, "presentear" a Itália com o Cesare Battisti.

9
Por falar em impostos, como já mencionei acima, trabalhamos quase cinco meses para sermos roubados pelo Estado. O Bolsonaro e o Paulo Guedes pretendem reduzir nossos impostos se possível, sem os aumentar de forma nenhuma — procure sobre a curva de Laffer se você nunca ouviu falar dela.

10

No ensino fundamental, quando eu aprendi o que era o federalismo, fiquei sem entender por que o nosso país é uma "República Federativa". Até hoje, não faço a menor idéia de por que temos esse "Federativa" no nome. O Bolsonaro acabará com isso: no seu plano de governo, ele é muito claro ao dizer que quer "uma Federação de verdade".

Por sinal, o Paulo Guedes já disse que o Bolsonaro será o primeiro presidente "a amputar os próprios poderes presidenciais", reduzindo o tamanho do Estado, descentralizando-o e desburocratizando-o.

11
O Bolsonaro é favorável ao "homeschooling". Depois da recente decisão absurda do STF, que sugere que abandonar uma criança intelectualmente é ensiná-la em casa, em vez de matriculá-la em escolas
onde apenas 2% dos alunos terminará o Ensino Médio sabendo português e 5%, matemática, é importantíssimo termos um presidente que respeite a liberdade dos pais. O Bolsonaro, inclusive, já disse que pretende até revogar a lei da palmada, sancionada pela Dilma, que, se pudesse, deixaria os nossos filhos nas escolas por 24h sofrendo verdadeiras lavagens cerebrais sob a égide do nosso "patrono da educação" picareta Paulo Freire.

O Bolsonaro é favorável ao Escola sem Partido e contra a ideologia de gênero.

12
É visível a qualquer um que o "establishment" odeia o Bolsonaro. Toda a grande mídia persegue-o e todos os políticos tradicionais, do Alckmin ao Haddad, da Marina ao Meirelles, estão unidos contra ele. Qual a probabilidade de que não recaia absolutamente nada, em termos de corrupção, sobre alguém que está há 30 anos na política e que é tão odiado por todos? O máximo que conseguiram afirmar contra ele é dizer que ele, embora não tenha feito nada ilegal, foi imoral. No entanto, pensemos um pouco. O Bolsonaro não foi eleito pelo Distrito Federal. Se não fosse deputado, muito provavelmente, passaria bem longe da capital. O seu cargo exige que ele resida na cidade. É imoral que ele use o dinheiro do auxílio para arcar com as despesas de um apartamento adquirido em função do seu cargo? Que imoralidade há nisso?

Outra bobagem é a insistência no famoso embate que ele teve com a Maria do Rosário, que já comentei neste blogue.

O fato é que, apesar de estar tanto tempo na política, não encontraram nada que mostre que ele tenha se envolvido com corrupção. Em tempos de mensalões e de petrolões, creio que isso diz muito sobre o Jair.

O máximo que conseguem é continuar repetindo mentiras infinitamente desmentidas e atribuindo-lhe xingamentos gratuitos como "machista", "homofóbico", "racista" etc. etc. etc. . É fácil deslocar falas do Bolsonaro para tachá-lo desses rótulos porque ele é um homem de carne e osso, que não se importa com o politicamente correto e que não contratou marqueteiros para convencer o povo de que é algo que não é realmente.

É justamente por fazer oposição aos políticos tradicionais de sempre, que só disputavam o poder, dividindo a mesma ideologia, que seria muito bom se elegêssemos o Bolsonaro já no primeiro turno, pois ele sairia mais fortalecido das votações para fazer as mudanças de que precisamos.

13
O Bolsonaro é favorável à redução da maioridade penal. Dêem uma olhada no texto que publiquei por aqui, em 2015, intitulado "Contrarrazões às 18 razões para não reduzirmos a maioridade penal".

14
O Bolsonaro quer classificar as ações do MST e do MTST como práticas terroristas.

15
O Bolsonaro é favorável ao voto impresso. Se você ainda acha que isso é teoria da conspiração, pesquise os vídeos do professor Diego Aranha sobre o assunto e, sobretudo, o vídeo do procurador Felipe Marcelo Gimenez.

Nesse contexto, deveríamos votar no Bolsonaro porque, se ele tiver uma votação maciça, será mais difícil fraudar as eleições. Todos os outros candidatos que são não propriamente de Esquerda não têm chances de ganhar. Deixar o único candidato não esquerdista que está na frente das pesquisas e que é mais conhecido e popular perto dos outros ter votos apertados, com todos os esquerdistas que disputam pelo segundo lugar, Alckmin, Haddad, Ciro e Marina, é muito arriscado.

16
O Bolsonaro pretende governar para todos os brasileiros. Ele é contra as cotas — não deixem de ler o livro do Thomas Sowell sobre o assunto — e disse que governará como se fosse daltônico.

17
Eu li os programas de governo de todos os candidatos e convido-os a fazer a mesma coisa. De longe, a nossa melhor opção para barrarmos o globalismo no Brasil, principalmente o seu braço comunista, é o Bolsonaro. O que mais me agrada nele é que ele percebeu que os valores e a cultura são mais importantes do que a economia. Alain Peyrefittte e tantos outros nos mostram que, na verdade, são esses âmbitos que possibilitam a base econômica de uma sociedade. Não é à toa que, como mostra Alejandro Chafuen, toda a base teórica do capitalismo já estava nos escritos cristãos da Escolástica Tardia.

Até mesmo os marxistas já se deram conta disso com a sua estratégia gramscista do marxismo cultural.

Mesmo que o Bolsonaro não fizesse mais nada, em quatro anos, e deixasse tudo como está, já seria um tempo para que respirássemos a fim de planejarmos alguma reação mais permanente.

Não sou ingênuo. Sei que o mundo jaz no maligno e sei que não resolveremos os problemas do nosso país pela luta política antes de brigarmos no campo cultural, assim como sei que este campo não dispensa nossa luta espiritual, mas não podemos deixar a política para a Esquerda enquanto nos santificamos e estudamos. 

Estou, portanto, plenamente convencido de que votarei 17 no próximo dia 7 de outubro. 


Uma base bíblica para a Virgindade Perpétua de Maria? (Brant Pitre)


Algo absolutamente fascinante que encontrei enquanto lia o livro de Números recentemente...

É bem conhecido que a Igreja Católica ensina que a Santíssima Virgem Maria não apenas concebeu Jesus em estado de virgindade, mas permaneceu virgem durante toda a sua vida conjugal. Essa doutrina é conhecida como a Virgindade Perpétua de Maria (ver CCC 499-501). Também é bem conhecido que a maioria de nossos irmãos e irmãs protestantes não aceita essa doutrina, geralmente porque os Evangelhos mencionam os "irmãos" de Jesus, como "Tiago e José", que são considerados irmãos de sangue de Jesus, nascidos de Maria (cf. Mt. 13.55).

Agora, não quero retomar os velhos argumentos sobre se esses irmãos são primos de Jesus — o próprio Mateus diz a vocês que eles são os filhos da "outra Maria", não a Virgem Maria, uma mulher que estava ao pé da cruz (Mt. 27.56-61), e que, em João, é identificada como a "irmã" (adelphes no grego) da Virgem Maria (João 19.25). Em vez disso, quero concentrar-me em uma objeção mais fundamental à Virgindade Perpétua de Maria: a plausibilidade de que uma mulher judia casada permanecesse virgem em primeiro lugar. Como um dos meus alunos observou, de forma bastante eloquente, na semana passada: "Você espera que eu acredite que eles eram casados, e não fizeram sexo??'. Bem, sim, é nisso que a Igreja espera que você acredite; é isso que os cristãos acreditaram por quase dois mil anos... No entanto, existe alguma base histórica para isso, além da prática posterior dos "casamentos espirituais" cristãos?

Pouco depois disso, na discussão em sala de aula, eu estava lendo o livro de Números e encontrei um capítulo inteiro que nunca havia notado antes, referente a votos feitos por mulheres. O que é fascinante, sobre a passagem, é que, de acordo com alguns comentaristas, ele parece preocupar-se, especificamente, com votos de abstinência sexual feitos por mulheres casadas. Embora esse texto seja universalmente negligenciado nas discussões sobre a virgindade de Maria, considere-o de perto. (Eu sei que é longo, mas leia-o atentamente: depois, vou dividi-lo.). A pergunta é: que tipo de votos está em vista? A resposta é dada no final:

Votos feitos por uma jovem mulher na casa de seu pai
"[4]Se uma donzela, que se encontre ainda na casa de seu pai, fizer um voto ao Senhor, ou se se impuser uma obrigação, [5] e seu pai, tendo conhecimento do voto que ela fez ou da obrigação que tomou, nada disse, todos os seus votos e suas obrigações serão válidos. [6] Porém, se seu pai se opuser no dia em que ele tiver conhecimento disso, todos os seus votos e obrigações serão inválidos, e o Senhor o perdoará, porque seu pai se opôs." (Números 30.4-6).

Votos feitos por uma mulher casada
"[7] Se na ocasião de seu casamento ela estiver ligada por algum voto ou algum compromisso inconsiderado, [8] e seu marido, sabendo-o, não disser nada naquele dia, seus votos serão válidos, assim como os compromissos tomados. [9] Mas se o marido, no dia em que disso tiver conhecimento, desaprová-lo, serão nulos o seu voto e o compromisso tomados inconsideradamente, e o Senhor o perdoará." (Números 30. 7-9)

Votos feitos por uma viúva ou mulher divorciada
"[10] O voto de uma viúva, ou de uma mulher repudiada, e toda obrigação que ela se impuser a si mesma, será válida para ela. [11] A mulher que está em casa de seu marido, se se obrigar com voto, ou se se impuser uma obrigação, ou juramento, [12] desde que o marido, ao sabê-lo, nada diga, nem se oponha, todos os seus votos serão válidos, bem como todo compromisso que ela tiver tomado. [13] Porém, se seu marido se opuser ao ser informado de seus votos, todos eles serão nulos e, igualmente, todos os compromissos que tiver tomado; serão sem valor, porque foram anulados por seu marido, e o Senhor o perdoará.".

Contexto: votos para 'mortificar-se'
'[14] Seu marido pode ratificar ou anular todo voto ou todo juramento que ela tiver feito para se mortificar. [15] Se seu marido guardar silêncio até o dia seguinte, com isso ratifica todos os seus votos e todos os seus compromissos; e os ratifica porque nada disse no dia em que deles teve conhecimento. [16] Se os anular depois do dia em que o soube, levará a responsabilidade da falta de sua mulher".

Tudo bem: então, o que tudo isso significa? A chave está na seção final: o capítulo que se preocupa com os votos de uma mulher para "mortificar-se", o que, como observa o grande estudioso da Torá Jacob Milgrom, foi interpretado pelos antigos judeus como referindo-se ao jejum e à abstenção de relações sexuais. Terminologia semelhante é usada nas descrições do Dia das Expiações, quando se esperava que os judeus jejuassem e evitassem relações sexuaus (ver Milgrom, Harper Collins Study Bible n. Lev 16:29; citando Targum Pseudo-Jonthan; cf. também Êxodo 19.15). Uma vez que essa terminologia esteja clara, todo o capítulo faz sentido. Trata-se de uma discussão sobre três tipos de votos:

1. votos de abstinência sexual feitos por uma mulher jovem e solteira;
2. votos de abstinência sexual feitos por uma mulher casada;
3. votos de abstinência sexual feitos por uma viúva ou uma mulher divorciada.

Nos três casos, a natureza vinculante do voto depende de se a parte masculina (pai ou marido), ao ouvir o voto, nada disser e consentir com ele. Em cada caso, se ele ouviu o voto e aceitou-o, o voto é perpetuamente vinculativo.

Agora, o que isso significa é que, se uma mulher judia jovem — digamos, Maria, neste caso — fez um voto de abstinência sexual e se seu marido legal — no nosso caso, José — escutou o voto e não disse nada, então, o voto permanece e ela é obrigada a mantê-lo. Isso fornece uma sólida base histórica para José e Maria terem um casamento perpetuamente virgem: na verdade, Números é bastante explícito no versículo final ao dizer que, se o marido muda de idéia, e "os anular depois do dia em que o soube", o pecado recairá sobre ele: "levará a responsabilidade da falta de sua mulher" (Nm. 30.15). Podemos facilmente imaginar uma situação em que alguns maridos pensariam melhor em aceitar um voto desses! Contudo, como o Evangelho de Mateus diz-nos: José era um "homem justo" (Mateus 1.19) e obediente à Torá. Se Maria fez um voto de abstinência sexual — e suas palavras "Como se fará isso, pois não conheço homem?", em Lucas, são evidências de que ela o fez (Lucas 1.34) — e se José aceitasse esse voto, no momento do seu casamento, então, ele teria sido obrigado, pela Lei Mosaica, a honrar seu voto de abstinência sob pena de pecar.

Por mais implausível que possa parecer, a uma cultura ocidental saturada de sexo, que um homem faria tal coisa, o fato é que o Antigo Testamento parece assumir isso como uma possibilidade real. Aliás, o fato de que um capítulo inteiro da Bíblia seja dedicado a isso parece sugerir que os votos de abstinência sexual, feito por mulheres, devem ter sido uma parte suficientemente visível da cultura para que fosse necessária uma lei que lidasse com a situação! (Isso não deve surpreender os estudantes da Antiguidade: as virgens consagradas faziam parte da paisagem religiosa do mundo antigo). Se houver alguma dúvida sobre isso, eu sugeriria, de passagem, que o leitor lembre a controvérsia que as igrejas paulinas enfrentaram sobre as jovens viúvas renegando o seu voto de abstinência sexual (1 Timóteo 4) e a outra passagem difícil e confusa em 1 Coríntios sobre o que um homem deveria fazer ao casar-se com sua "virgem" (1 Cor. 7.36-38). Se ambos os textos aplicam-se à situação prevista em Números 30, então, a situação de Maria é tudo menos única na cultura.

De qualquer modo, adoraria ouvir suas opiniões sobre isso. É apenas a minha opinião neste momento. Preciso fazer mais pesquisas, mas pensei em oferecer uma pequena rosa a Nossa Senhora.

Totus Tuus, Maria.

Resposta à objeção
Nota: gostaria de responder a uma possível objeção a este argumento: "Não poderia um voto de abstinência ser um voto temporário? Não creio que esses versos mencionem qualquer coisa sobre um voto perpétuo de abstinência". (minha gratidão ao Billy por essa ótima pergunta!).

Em resposta, eu certamente não negaria que o texto poderia ser aplicado a votos temporários, mas há duas coisas que me fazem pensar que o contexto primário seja de votos permanentes. (1) Primeiramente, que significado teria um voto temporário de abstinência sexual para uma virgem solteira na casa de seu pai?!! Essa é a primeira categoria e, até onde posso ver, deve referir-se, principalmente, a um voto permanente de abstinência, o qual o pai aprova. Pensar de outra forma significaria que Números prevê que a mulher solteira tenha relações sexuais fora do casamento. Isso não faz sentido. (2) Segundamente, que significado teria um voto temporário de abstinência para uma viúva? Se ela estivesse fazendo um voto de abstinência temporária de relações sexuais com o marido, ela, obviamente, estaria liberada do voto por sua morte!

Se um voto permanente de abstinência sexual está em vista, em ambos os casos, faz sentido para mim sugerir que o significado da terceira categoria é o mesmo: um voto permanente de abstinência sexual. No caso de Maria, é apenas um voto permanente que explica sua resposta a Gabriel enquanto ela está prometida a José: "Como se fará isso, pois não conheço homem?" (Lucas 1.34; tempo presente).

[Tradução: Fábio Salgado de Carvalho; texto original: 


sábado, 8 de setembro de 2018

A Virgindade de Maria à luz da Lei Judaica e da Tradição (Irmão Anthony M. Opisso)


[O Irmão Anthony M. Opisso é um converso do Judaísmo e tem vivido como eremita desde 1964, vivendo sob obediência da Abadia de Our Lady of Calvary Abbey, próximo a Rogersville, New Brunswick, Canadá.]

Desde os tempos mais antigos, o adultério carregava consigo um senso de impureza, de modo que uma mulher que tinha conhecido o contato com outro homem, mesmo que à força, não era mais considerada apropriada para ser visitada pelo seu marido (veja Gn. 49.4; 2 Sm. 20.3). O código deuteronômico ensina que uma mulher que é divorciada de seu esposo e que depois se casa com outro homem, igualmente, não pode retornar ao seu primeiro marido (veja Dt. 24.1-4).

Não apenas o adultério, mas até mesmo um casamento legítimo torna uma mulher inapropriada para ser tomada pelo seu primeiro marido. Como o Senhor disse por meio do profeta Jeremias: "Se um marido divorcia-se de sua mulher e esta, separada dele, se casa com outro, será que ele ainda volta para ela? Não seria isso profanar aquela terra [o corpo de sua esposa]?" (Jr, 3.1). Na lei rabínica, uma mulher que cometeu adultério é "impura" e não pode permanecer como esposa de seu marido, mas deve divorciar-se.

Além disso, qualquer contato íntimo da esposa com um homem, judeu ou gentio — potente ou impotente, natural ou não natural —, torna o divórcio compulsório.

Na lei judaica, um homem prometido a uma mulher era considerado legalmente casado com ela. A palavra para "prometido", em hebraico, é Kiddush, uma palavra que é derivada da palavra hebraica Kadash, que significa "sagrado", "consagrado", "separado". Por meio do esposamento (como em Mt. 1.18; Lc. 1.27) ou do casamento, uma mulher torna-se uma propriedade peculiar de seu esposo, proibida a outros. A Lei Oral do Kiddushin (Casamentos e Compromissos) declara: "O esposo proíbe sua esposa para o mundo inteiro, como um objeto que é dedicado para o Santuário.".

Sabemos, a partir do Evangelho de São Mateus (1.19), que José, o esposo de Maria, era um "homem justo", um devoto cumpridor da Lei Judaica. Tendo notado que Maria estava grávida e que ele, prometido a ela, tinha nada a ver com a gravidez, José tinha de ou condená-la publicamente e levá-la para que fosse morta por adultério (Dt. 22.22-29) ou a mandar embora privadamente. A sua decisão já estava tomada quando um anjo apareceu-lhe, em um sonho, dizendo-lhe: "José, filho de Davi, não tenhas receio de receber Maria, tua esposa; o que nela foi gerado vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, e tu lhe porás o nome de Jesus, pois ele vai salvar o seu povo dos seus pecados" (Mt. 1.20-21). O anjo não usa expressões para a união marital, como "une-te a ela" (como em Gn. 30.3, 4, 16) ou como "convivam" (como em Mt. 1.18); em vez disso, ele usa uma palavra que, simplesmente, significa levá-la para casa como uma esposa (paralambano gunaika), mas não coabitar com ela. Quando o anjo revelou-lhe que Maria era, verdadeiramente, esposa do Espírito Santo, José poderia tomar Maria, prometida dele, para a sua casa como esposa, mas ele não poderia nunca ter relações sexuais com ela porque, de acordo com a Lei, ela estava proibida para ele para sempre.

Nós também temos de levar em consideração que, quando o arcanjo Gabriel disse a Maria "Conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus" (Lc. 1.31), ele também acrescentou que isso ocorreria porque, como diz-nos Lucas, "O Espírito Santo descerá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer será chamado santo, Filho de Deus" (Lc. 1.35). Ao declarar-se nesses termos, o arcanjo declarou a Maria que Deus estabeleceria uma relação marital com ela, levando-a a conceber Seu Filho no seu ventre. "Cobrir uma mulher com poder [reshuth]" era um eufemismo para ter uma relação marital com ela. Da mesma forma, "cobrir com a sombra" (como em Lc. 1.35), com "asas" ou "manto" sobre uma mulher era outro eufemismo para ter-se relações maritais com ela.

Assim, os rabinos comentam que Rute era casta em suas palavras quando ela pediu a Boaz que tivesse relações maritais com ela dizendo-lhe: "Eu sou Rute, tua serva. Estende sobre a tua serva a barra do teu manto [literalmente, "asa": kanaph], tu és redentor!" (Rute 3.9)

Outra palavra aramaico-hebraica para "manto" é "tallith", derivada de tellal, que significa "sombra". Então, "espalhar o manto [tallith] sobre uma mulher" significa coabitar com ela. Não disse o Senhor para a Sua noiva Israel: "Eu sou o vosso esposo" (veja Jr. 3.14) e "teu marido é o teu criador" (Is. 54.5; veja também Jr. 31.31)? O que é mais íntimo do que aquilo que o Senhor disse à Sua noiva: "Eu te fiz crescer exuberante qual planta silvestre. Tu cresceste e te desenvolveste, entrando na puberdade. Teus seios se formaram e os cabelos cresceram, mas estavas inteiramente nua. Passando junto de ti, percebi que tinhas chegado à idade do amor. Estendi o manto sobre ti para cobrir a nudez. Eu te fiz um juramento, estabelecendo uma aliança contigo — oráculo do Senhor Deus — e passaste a ser minha" (Ez. 16.7,8).

Tendo sido esclarecido, por um anjo, em um sonho, sobre a gravidez de Maria e talvez ainda mais esclarecido por ela, quanto às palavras do arcanjo Gabriel, na Anunciação, José sabia que Deus tinha se conduzido como marido em relação a Maria. Ela agora era proibida para ele para sempre e, para o bem da criança e de Maria, ele apenas poderia viver com ela em um relacionamento totalmente casto.

Viver uma vida celibatária, no casamento, não era algo desconhecido na tradição judaica. Dizia-se que Moisés, que foi casado, permaneceu continente, pelo resto de sua vida, após a ordem para a abstenção de relações sexuais (veja Êx. 19.15), dada a preparação para a revelação no Monte Sinai. Havia também uma tradição de que os setenta anciãos abstiveram-se de suas esposas após o seu chamado e que assim o fizeram Eldad e Medad, quando o espírito de profecia sobreveio-lhes; de fato, é dito que os profetas tornaram-se celibatários depois que a Palavra de Deus foi-lhes comunicada.

Elias e Eliseu foram celibatários a vida toda. Quando, por causa da Torá (isto é, do intenso estudo dela), um rabino abstém-se de ter relações com sua esposa, isso era considerado permissível, pois ele estava, então, coabitando com a Shekinah (a "Presença Divina") na Torá.

É bastante conhecido que os rabinos falavam sobre a obrigação de todos os homens casarem-se e procriarem: "Aquele que se abstém de procriar-se é considerado como se tivesse derramado sangue". De acordo com um dito antigo, um homem é apenas metade de um homem sem uma esposa; ele cita Gênesis, onde está dito: "Criou-os [Deus] homem e mulher, e os abençoou. E, no dia em que os criou, Deus os chamou de 'ser humano' [ou Adão, do hebraico 'adham']" (Gn. 5.2). Entretanto, "se uma pessoa apega-se ao estudo da Torá (i.e., dedica-lhe todo o seu tempo), como Simeão Ben Azzi, sua recusa em casar-se pode ser perdoada' (Shukhan Arukh, BH 1:4).

O erudito rabínico Simeon ben Azzai (início do século II d.C.) foi extraordinário em seu aprendizado. É dito dele: "Com o falecimento de Ben Azzai, os estudiosos diligentes da Terra cessaram" (Sotah 9:15). Ele nunca se casou e foi celibatário por toda a sua vida a fim de não se distrair de seus estudos; porque ele considerava a Torá como sendo sua esposa, por quem ele sempre ansiava com toda a sua alma, ele justificou a sua solteirice. Ele foi um excelente estudioso e também reconhecido por sua santidade.

A tradição judaica também menciona os celibatários Zenu'im (literalmente, 'castos'), a quem o segredo do Nome de Deus foi confiado, pois ele estavam aptos a preservar o Santo Nome em "perfeita pureza". Aqueles na esperança de uma divina revelação, conseqüentemente, abstiveram-se das relações sexuais e eram rigorosos em matéria de pureza (veja Ap. 14.2-5). Fílon escreveu sobre o celibato dos judeus essênios centenas de anos antes da descoberta dos seus assentamentos em Qumran no Mar Morto.

Fílon de Alexandria (c. 20 d.C. — 50 d.C.), um filósofo judeu cuja obra inclui De vita contemplativa e De Abrahamo, escreveu sobre as mulheres judias que eram "virgens que mantiveram a sua castidade, não sob obrigação, como algumas sacerdotisas gregas, mas por sua livre escolha em seu ardente anseio por Sabedoria. Ávidas por terem a Sabedoria por sua companheira de vida, elas rejeitaram os prazeres dos rapazes e não desejavam nenhuma descendência mortal, mas aqueles filhos imortais que somente a alma que é querida a Deus pode trazer à luz" (Fílon, Cont. 68; veja também Abr. 100), pois os "castos são recompensados com o recebimento da iluminação da luz celestial oculta" (Zohar II.229b-230a). Porque "se o entendimento está seguro e intacto, livre da opressão das iniqüidades ou das paixões [...], ele olhará claramente para tudo o que é digno de contemplação" (Philo, Sob. I.5). Por outro lado, "o entendimento do homem amante do prazer é cego e incapaz de ver as coisas que valem a pena serem vistas [...], a visão daquilo que é maravilhoso contemplar e desejável" (Philo, Q. Gen. IV. 245).

Como destinatário da grande revelação de que a concepção no ventre de Maria, sua prometida, foi obra do Espírito Santo e de que a criança que nasceria dela estava destinada a salvar Seu povo dos seus pecados, certamente, José sabia que ele foi chamado para tomar conta de Maria e de sua criança, o Messias, pelo resto de sua vida, e é por isso que o anjo diz-lhe para tomar Maria como sua esposa. Podemos supor, razoavelmente, que a própria Maria agora compartilhou com ele tudo o que o arcanjo Gabriel disse-lhe. Ninguém menos do que "o Filho de Deus" (Lc. 1.35) estava confiado aos seus cuidados sob o abrigo da sua humilde casa, que se tornaria agora o "Santo dos Santos".

A tradição judaica menciona que, embora o povo tivesse de abster-se de relações sexuais com suas esposas por apenas três dias antes da revelação no Monte Sinai (veja Êx. 19.15), Moisés escolheu permanecer continente pelo resto da sua vida com a aprovação de Deus. Os rabinos explicam que isso ocorreu porque Moisés sabia que ele estava pessoalmente designado para comunicar-se com Deus, não apenas no Monte Sinai, mas, em geral, durante os quarenta anos de peregrinação no deserto. Por essa razão, Moisés manteve-se "apartado de mulher", permanecendo na condição de santidade de separação para estar sempre à disposição de Deus — os rabinos citam o mandamento de Deus a Moisés em Deuteronômio 5.28 como evidência.

Novamente, podemos ter certeza de que São José permaneceu celibatário por toda a sua vida porque, durante os seus anos de casado, ele estava em atendimento e comunicação diária com Jesus: a Palavra Encarnada de Deus.

[Tradução: Fábio Salgado de Carvalho; Texto original: OPISSO, A. Mary's Virginity in Light of Jewish Law and Tradition. In: STRAVINSKAS, P. The Catholic Answer Book of Mary. Huntington: Our Sunday Visitor Publishing Division, 2000. p.44-46]