
Numa ocasião, estava prestigiando a Orquestra Sinfônica no Teatro Nacional e tinha alguém atrás de mim mandando mensagens durante toda a apresentação. A pessoa não tinha a capacidade de colocar o celular no silencioso e fazia um barulho audível até para a orquestra. Um pouco mais longe de mim, teve uma pessoa que atendeu o telefone no meio da apresentação, chamando para si a atenção dos instrumentistas inclusive. O uso indevido propaga-se nos diversos âmbitos. Não me lembro do número de vezes em que fui a médicos distintos — legal essa ambigüidade no uso da palavra "distintos" aqui — e eles atenderam o celular no meio da consulta. Estive, recentemente, numa reunião para decidirmos certos aspectos de uma programação e várias pessoas atenderam o celular, deixando o recinto ou, pior, atendendo na frente de todos, interrompendo todo o cadenciamento da discussão.
Poderia citar inúmeras outras situações. A questão é que o desenvolvimento tecnológico não tem sido acompanhado pelo desenvolvimento da educação das pessoas. Eu até tentei pensar de modo crítico no que se refere ao meu pensamento. A Dani, minha namorada, disse que os professores atendem o celular na aula, pedem desculpa, mas que nenhum aluno liga para essa atitude. Fiquei pensando se sou eu que estou tendo uma idéia conservadora e ultrapassada sobre tudo isso e se tudo não se trata apenas de uma questão cultural; contudo, parei pra pensar melhor e imaginei a seguinte situação: se você estiver conversando com alguém e a pessoa pegar um jornal e começar a ler você não se sentirá ofendido? A situação é a mesma de você conversar com alguém ou ser atendido e a pessoa atender o celular.
Alguém poderia dizer que anda sempre com o celular porque algum imprevisto pode acontecer, mas eu pergunto: quantas vezes você já passou, realmente, por uma situação em que você pôde fazer alguma coisa sabendo de um acontecimento dado? Não custa nada desligar o celular nas salas de cinema ou em locais em que o barulho atrapalhará. Vivi 18 anos sem celular e nunca tive nenhum problema. Quando precisava usar o telefone, usava o orelhão. O pior é que o celular não desperta apenas a falta de educação das pessoas, mas o consumismo. As pessoas trocam de aparelho como quem troca de roupa de baixo e ainda gastam dinheiro comprando aparelhos com diversas funções que nem ao menos são usadas! Sempre achei chato estudar Ecologia e ouvir esse papo de Desenvolvimento Sustentável, mas, ultimamente, venho engajando-me bastante na área. Enquanto as pessoas não mudarem o seu padrão de consumo, vamos continuar destruindo o nosso planeta. É muito fácil criticar os E.U.A. por não assinarem o Protocolo de Kyoto, mas incentivar a máquina industrial diariamente, assim como é fácil falar mal do Congresso Nacional e não ser ético no dia a dia nas pequenas coisas.
Sempre achei esse negócio de etiqueta uma frescura. Eu, por exemplo, sou sempre alertado por uma amiga que cortar a carne toda antes de comer é falta de educação segundo a etiqueta e eu, indignado, dizia que não tinha lógica nenhuma. Vendo, contudo, uma entrevista de um ex-participante d'A Fazenda, acredito que comecei a esboçar um entendimento na minha cabeça. Ele disse que a Etiqueta é uma forma das pessoas conviverem melhor segundo um padrão estabelecido. Na hora em que ouvi isso, lembrei-me, imediatamente, da norma culta de nossa língua. Já houve tempo em que achava frescura falar e escrever corretamente, mas, depois, entendi o propósito da coisa. Traçando esse paralelo entre a norma culta e a etiqueta, acho que até que faz sentido. O regionalismo observado na língua falada seria semelhante aos traços culturais observados na postura à mesa etc. . Ainda preciso refletir mais sobre o assunto, mas acho que essa idéia é nova, pelo menos nunca vi ninguém fazer essa analogia.
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Acho que descobri como colocar música aqui pra quem quiser ouvir, sem aquele negócio chato da música ir tocando assim que você abre a página. Não tem coisa que me irrita mais! Vocês devem estar percebendo que estou bastante irascível, né? Bem, voltando ao assunto da música, estou viciado nas duas músicas que estou colocando aqui. Uma é do último álbum da Fernanda Takai, composta por ela e o John Ulhoa, seu esposo e guitarrista do Pato Fu. A outra é do último álbum da Ana Cañas. Gostei bastante dele inclusive; talvez, faça uma resenha dele aqui. O primeiro álbum dela eu achei muito fraco. Ouvi tantos elogios que resolvi ouvi-lo, mas não achei lá essas coisas. O último, contudo, superou de longe o primeiro álbum.
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Eu já passei por inúmeras situações desagradáveis por conta do uso indiscriminado que as pessoas fazem do celular. Principalmente em sala de aula. As pessoas não desligam, não colocam no silencioso e algumas até interrompem a aula para dizer que precisam atender o celular. Ou seja, a pessoa interrompe o meu fluxo de pensamento, incomoda a turma toda e ainda acha que está sendo polido. Como estudo francês a alguns anos e dou aula a tantos outros já me peguei explicando o porque da etiqueta várias vezes. Ela, no início, servia para distanciar a nobreza da burguesia e da plebe. Marcar bem a diferença. Mas com o tempo não havia mais essa necessidade toda então a etiqueta foi se adaptanto para chegar a uma forma que no fundo se resume a tornar o convívio entre as pessoas mais agradável. Pensarmos em sermos delicados um com o outro. É simples assim.
ResponderExcluirEssa do pessoal dirigir e falar ao celular no mesmo tempo também não me entra na cabeça... É tão difícil assim encostar o carro (ou, no caso de estar atrasado, desligar o celular)?
ResponderExcluirAqui nunca tive professor atendendo celular em sala de aula. Quer dizer, já tive, mas só em casos especiais. Que o professor já entrou na sala avisando: pessoal, hoje aconteceu isso e isso, e por isso pode ser que me liguem e eu preciso atender, então o celular tá ligado, tá?
E aí obviamente tudo bem.
Mas o pessoal não tem respeito mesmo. Também já fui a concerto em que ficou tocando celular, atrapalhando toda a música.
Médico nunca aconteceu comigo. Acho que se acontecesse eu ia reclamar na hora que ele desligasse o telefone. Puta falta de respeito.
Sobre a etiqueta, eu também sempre achei ela meio inútil... Mas o que tu disse faz sentido sim, me deixou pensando...
Ah, e adorei as músicas, tens um ótimo gosto musical :P
Ah sim, e também queria dizer que gostei muito do blog, parabéns por ele ^^
Ei, sou eu a amiga que te alerta a respeito da carne! hehehe :)
ResponderExcluirQue bom que algum sentido fez. Era exatamente o que eu queria te dizer, mas não conseguia explicar direitinho.
Hehehe :D