domingo, 30 de outubro de 2016

A regeneração batismal: mais evidência bíblica (Dave Armstrong)


Photograph by Kai Stachowiak [PublicDomainPictures.Net]

Ao defender o Catolicismo no curso de discussões amigáveis com protestantes irmãos em Cristo, deparo-me com novos argumentos e maneiras de ver as coisas por conta das contestações.

Depois de dizer que argumentaria a partir daquilo que Jesus disse, escrevi-lhe: "tudo bem: eu também!", citando passagens que se referiam a casas inteiras sendo batizadas (Atos 16.15, 16.33, 18.8; 1 Cor. 1.16).

A parte mais interessante do nosso diálogo, entretanto, diz respeito à regeneração batismal. O meu amigo pastor argumentou que, tanto no caso de Atos 16.15 quanto no caso de Atos 16.33, o contexto indicava que havia fé antes do batismo. Eu, rapidamente, concedi-lhe esse ponto, mas o fiz notar que:
"Para o crente adulto, essa fé irá preceder o batismo. Na Igreja Católica, aqueles que são nela recebidos que nunca foram batizados fazem uma profissão de fé antes de receberem o Sacramento, de modo que não é diferente do 'batismo do crente' batista. Isso, entretanto, não exclui os infantes de também receberem o batismo.".
Ele trouxe à tona o versículo "evangélico" protestante clássico de João 3.16 e disse-me que era estranho que o batismo não fosse mencionado nele se, de fato, era tão crucial para a salvação. Contra-argumentei com Marcos 16.16 ("Quem crer e for batizado será salvo").

Além disso, São Pedro, ao pregar o evangelho no primeiro sermão cristão, em Atos 2, no dia de Pentecostes, incluiu o batismo em toda o seu anúncio: "Arrependam-se, e cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos seus pecados" (Atos 2.38). Romanos 6.3-6, diretamente, conecta o batismo com a reconciliação da mesma forma. Gálatas 3.27 ensina-nos que os batizados "revestiram-se de Cristo".

O batismo produz regeneração como agente ou como meio. Não é, meramente, um ato simbólico após uma regeneração que já ocorreu: "[...] para perdão dos seus pecados [...]". Pedro deixa a idéia da salvação pelo batismo ainda mais clara em 1 Pedro 3.18-21. O eunuco etíope, em Atos 8, também foi batizado assim que aceitou plenamente o evangelho.

Para os batistas e para muitos protestantes de diferentes denominações, está-se, realmente, salvo antes do recebimento do batismo; então, o (simbólico) batismo (para adultos) ocorre depois como um ato de obediência e de gratidão.

Examinemos isso. A primeira coisa que São Paulo fez sobre a sua espetacular conversão foi batizar-se. O que esse batismo faz? Aqui, está o seu próprio relato acerca das palavras de Ananias dirigidas a ele:
Atos 22.16: "[...] Levante-se, seja batizado e lave os seus pecados, invocando o nome dele.".
Seria preciso um esforço artificial e eisegético para desvincular o "lavar" aqui do batismo. Isso é claramente uma regeneração batismal, expressamente, ensinada pelo apóstolo Paulo. O meu amigo pastor observou que a crença precedeu o batismo nesse relato e em outros porque, na teologia batista, deve-se sempre se estar consciente do que significa o batismo. Os batistas, no entanto, negam a regeneração batismal.

Podemos, contudo, fazer também uma distinção cronológica adicional em termos do arrependimento, da crença e do batismo recebido para perdão dos pecados e para a salvação (regeneração). Esta é a ordem em Atos 2.38-39:

1) arrependimento;

2) batismo;

3) perdão dos pecados;

4) recebimento do Espírito Santo.

Uma pessoa (na idade da razão) deve arrepender-se para ser salva (nós concordamos, totalmente, com os batistas sobre isso), mas, certamente, se ainda não houve o perdão dos pecados (reconciliação) ou a infusão do Espírito Santo (a quem todos os cristãos crentes têm), não se é ainda um cristão que se tornou amigo e filho de Deus em razão da Sua Graça e essa é a ordem das coisas como encontramos em Atos 2.38-39, como mencionamos acima.

O mesmo se dá com o apóstolo Paulo em Atos 22.16. Ele é batizado e, então, os seus pecados são lavados, o que tem de ocorrer a fim de que ele seja salvo no sentido e no tempo do termo (como os católicos diriam, em estado de graça com Deus e na ausência de pecado mortal) e regenerado. Esses dois casos contradizem, diretamente, o esquema batista e mostram como a regeneração ocorre.

O batista alega que o perdão dos pecados/a reconciliação e recebimento do Espírito Santo e a regeneração precedem o batismo em um adulto; entretanto, o que vemos nesses dois exemplos escriturísticos, consideravelmente, claros é o oposto. Essas coisas seguem-se do batismo e são causadas, diretamente, por ele como um sacramento.

Apresento-lhes, com todo o devido respeito, esses exemplos evidentes em que o ensino católico mostra-se em completo acordo com a Bíblia, enquanto a teologia protestante (neste caso, a versão batista) choca-se com ela diretamente. A maior parte dos protestantes crê que age de boa fé e com intenções retas. Trata-se, simplesmente, de uma questão de tornar-se mais familiarizado com o pensamento bíblico muito mais profundo da tradição católica. Esta é a nossa tarefa: compartilhar com todos, sem restrições, as riquezas que temos, graciosamente, recebido como católicos.

[Tradução: Fábio Salgado de Carvalho; original:

Nenhum comentário:

Postar um comentário